A vida tem muito mais sentido quando é alimentada por atitudes do bem. Doar se constitui uma atitude do bem não só para quem recebe a doação mas, também, para quem doa, uma vez que o resultado gerado pelo ato torna a pessoa feliz por apoiar uma boa causa.
A construção de um mundo melhor, mais justo e solidário passa por várias iniciativas, dentre elas a doação. Doação não só de dinheiro, mas de tempo, mantimentos, experiências que podem inspirar novas iniciativas e até mesmo a doação de um aconselhamento que possa evitar que algo que não foi bom possa se repetir com grupos ou pessoas.
É importante não esperarmos para praticar o bem só diante de grandes catástrofes do tipo desastres ambientais, fome, doenças etc.
Ter atitudes que possam gerar situações de prevenção, a partir de iniciativas estruturantes que referenciem políticas públicas para o atendimento de demandas em maior escala, são fundamentais.
Há uma estrofe de um cântico religioso do canto e compositor Zé Vicente que diz: "Quem disse que não somos nada, e que não temos nada para oferecer. Repare as nossas mãos abertas, trazendo as ofertas do nosso viver. O nosso viver se constitui grande celeiro, potencial para atitudes do bem que podem inspirar e gerar transformações significativas na vida de outras pessoas e nas nossas próprias vidas."
Não podemos esperar transformações só a partir de grandes iniciativas. "Muitas pessoas fazendo pequenas coisas, em muitos lograres, haverão de transformar o mundo."
Um exemplo simples: consumimos frutas e temos a oportunidade de plantar sementes, transformando-as em mudas que podem ser doadas para arborizar propriedades de agricultores e agricultoras. Os espaços se tornam mais belos e geramos novos frutos.
É um ciclo importante de geração e reprodução de vidas. Essa iniciativa foi estimulada pelo Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS) neste ano por meio da campanha "Consumam as frutas, plantem as sementes, façam mudas, distribuam com amigos".
Também podemos mobilizar pessoas para se engajar em mutirões que suprem as necessidades daqueles que estão com dificuldades para realizar suas demandas sozinhos, como limpar uma roça ou fazer a colheita da estação.
No âmbito financeiro, em 2022 o CEPFS realizou a quarta de quatro edições da campanha "Abrace o semiárido". Com as quatro edições conseguiu captar R$ 220 mil.
Com mais uma complementação de doações correntes foi suficiente para apoiar a construção de 102 cisternas para famílias do sertão da Paraíba que passaram a ter condições de captar e armazenar mais de 1,6 milhão de litros de água da chuva para consumo humano.
O sonho de 454 pessoas de ter água, de qualidade, na porta de casa, foi realizado graças a doações de pessoas espalhadas pelo Brasil e até do exterior.
Essas 102 famílias participarão de uma dinâmica organizativa denominada de Fundos Rotativos Solidários, espécie de poupança coletiva, devolvendo, de forma parcelada, de acordo com suas condições, o apoio que receberam para a compra de material para suas cisternas.
Essa dinâmica viabiliza a replicação da experiência para outras famílias que não têm cisternas. É solidariedade que gera solidariedade.
Em 2022, arrecadamos outros R$ 20 mil para agricultores e agricultoras, de base familiar, que passam fome no sertão da Paraíba. A partir da sensibilidade dos doadores, foi possível comprar e distribuir 109 cestas básicas a partir do slogan "O remédio para a fome é dar de comer".
Esses pequenos exemplos evidenciam que é possível construir um mundo mais justo e solidário quando as pessoas dão-se as mãos em prol de causas sociais, alimentando um ciclo de bem-estar, uma via de mão dupla.
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