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Uma proposta para engajar jovens na agricultura familiar

Sucessibilidade de práticas no campo depende de políticas públicas e fomento a atividades produtivas

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José Dias

Formado em ciências econômicas, é coordenador e captador de recursos do Centro de Educação Popular e Formação Social (Cepfs). É empreendedor social da Ashoka e da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

Houve um tempo em que a agricultura familiar, segmento da economia que coloca alimentos na mesa, recebeu importantes fomentos através de políticas públicas.

Nos dois governos Lula e no governo Dilma, havia jovens engajados em atividades agrícolas e pecuárias a partir do incentivo para o fortalecimento da agroecologia, além de mulheres camponesas, comunidades tradicionais e a valorização do potencial produtivo local.

Nos últimos quatro anos de governo Bolsonaro, essa pauta foi praticamente esquecida. As prioridades se voltaram para o agronegócio. Embora seja fundamental para o equilíbrio da balança comercial, ele pouco contribui para a segurança alimentar da população, uma vez que a maior parte do que é produzido se destina à exportação.

Jonh Leno da Gama, da comunidade Santo Antônio Matureia (PB), fortalece criação animal com projeto do Cepfs
Jonh Leno da Gama, da comunidade Santo Antônio Matureia (PB), fortalece criação animal com projeto do Cepfs - Divulgação

Isso provocou desmotivação dos jovens, aspecto problemático para o processo sucessório nas atividades produtivas e nas formas de organização social em comunidades rurais.

A falta de engajamento já estava agravada em razão de mídias voltadas, quase que exclusivamente, para a divulgação do espaço urbano como ideal para se morar, com mais possibilidades de emprego e renda.

É fato que não haverá motivação ao engajamento dos jovens na sucessibilidade da agricultura familiar se não houver políticas públicas efetivas que possam fomentar o empreendedorismo do jovem rural, a partir das potencialidades e limites locais.

Isso inclui, além do fomento financeiro aos sonhos desses jovens, uma nova narrativa do ambiente rural como espaço importante para se viver dignamente.

Ricardo Tavares conta com projeto Sertão Agroecológico e Solidário para manter criação em comunidade da Paraíba
Ricardo Tavares conta com projeto Sertão Agroecológico e Solidário para manter criação em comunidade da Paraíba - Divulgação

E ela só será possível com políticas públicas efetivas que abordem o meio rural como espaço fundamental para os que lá residem e como fonte de alimentação saudável para quem vive em cidades.

Apesar dos grandes desafios, a expectativa no retorno de Lula ao governo federal é de que possa haver outro olhar para a agricultura familiar, com estratégias que possam engajar jovens camponeses nos cultivos agroecológicos e nas formas de organização social que dinamizam a vida no campo.

Não haverá desenvolvimento rural sustentável sem o acesso de jovens a políticas públicas efetivas de fomento a atividades produtivas —e outras desenvolvidas a partir de seus sonhos e vocações.

Nesses quatro anos, o Centro de Educação Popular e Formação Social (Cepfs) dialogou com seus principais parceiros financiadores —Misereor (Alemanha) e Inter American Foundation (Estados Unidos)— para garantir fomento às inovações de práticas agroecológicas, destinando 50% do apoio para iniciativas de jovens agricultores.

Jonh Leno da Gama, da comunidade Santo Antônio Matureia (PB), fortalece criação animal com projeto do Cepfs
Valdete Amorim mantém criação de aves em estrutura familiar com apoio de organização da sociedade civil - Divulgação

A ideia era estimular interesse na sucessibilidade dos cultivos agrícolas e pecuária e nas variadas formas de organização social no campo.

Trata-se de apoio a iniciativas já em curso, ou seja, que vinham sendo desenvolvidas por seus pais ou por eles próprios, mas que precisavam de apoio para inovar e ampliar.

Além dos recursos financeiros e técnicos, o Cepfs está desenvolvendo atividades formativas para que os próprios jovens possam comunicar e compartilhar suas iniciativas em rede. Esse é um dos caminhos para a construção do conhecimento coletivo e inspiração para sua reaplicação em outras localidades.

Embora seja uma experiência pequena, esperamos que ela possa referenciar políticas públicas efetivas, de Estado, voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar e sua sucessibilidade e nas várias formas de organização camponesas.

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