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É epidemiologista, professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

Descrição de chapéu Coronavírus

As vacinas contra a Covid-19 funcionam?

Não fosse a campanha de imunização, o Brasil já teria chegado à terrível marca de 1 milhão de mortes

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Quando a pandemia de coronavírus começou, havia muita incerteza. Aliás, isso era normal, visto que se tratava de uma doença nova, sobre a qual pouco se sabia. Naquela época, as pessoas perguntavam questões como: quanto tempo a pandemia vai durar?; Qual será o estrago causado pelo coronavírus?; Como a pandemia vai acabar?

Desde o começo, já deu “para separar os homens dos meninos”. Ao passo que os cientistas respondiam a essas perguntas de uma forma técnica, surgiu um esquadrão de “especialistas” que davam respostas desprovidas de qualquer embasamento científico. Chamarei eles de “palpiteiros” no restante do texto.

Os cientistas diziam que a pandemia duraria meses, talvez até anos. Os “palpiteiros” diziam que acabaria na semana seguinte.

Homem recebe a primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech em Le Marigot, na Martinica - Alain Jocar - 30.ago.2021/AFP

Os cientistas previam centenas de milhares de mortes e, inclusive, eram acusados de assustar a população, quando na verdade estavam apenas falando a verdade, nua e crua. Já os “palpiteiros” diziam que não chegaríamos a mil mortes. Que era apenas uma gripezinha, parecida com o H1N1.

Os “palpiteiros” diziam que a pandemia acabaria rápido, com a população atingindo a imunidade de rebanho. Os cientistas sempre disseram que a imunidade coletiva nunca seria atingida com a infecção, e que somente a vacina poderia imunizar a população.

Com o passar do tempo, cada uma dessas perguntas foi sendo respondida, e não por acaso, as previsões dos cientistas foram se confirmando, uma a uma.

Em apenas um ano, a ciência desenvolveu, testou e entregou vacinas contra a Covid-19. Foi um dos maiores feitos da história da ciência.

Quando a população mais precisou dos cientistas, nós demos conta do recado. Agora é importante que a população não se esqueça de nós, pois o investimento em educação, ciência e tecnologia não pode ser feito apenas durante a pandemia. Agora que a população viu do que somos capazes, é essencial que as pessoas nos ajudem a garantir a sobrevivência da ciência no Brasil.

Uma pesquisa publicada na revista científica EClinicalMedicine mostrou que, até o dia 15 de maio de 2021, a vacinação já tinha salvado mais de 40 mil vidas apenas entre os idosos. Em junho de 2021, um estudo mostrou que mais de 98% das mortes por Covid-19 nos Estados Unidos foram entre pessoas não vacinadas. De lá para cá, centenas de pesquisas em todo o mundo confirmaram o que a ciência já previa: a vacinação está salvando milhares de vidas todos os dias.

Mas agora, meio ano após o início da campanha de vacinação, os “palpiteiros” começaram uma nova onda de opiniões desprovidas de qualquer embasamento. A cada dia que uma pessoa vacinada é infectada pelo SARS-CoV-2 os “palpiteiros” usam isso como prova de que as vacinas não funcionam.

Aqui no mundo da ciência, todos sabemos que nenhuma vacina é 100% eficaz para evitar casos, mas os imunizantes contra Covid-19 diminuem muito o risco de infecção e praticamente zeram o risco de infecções graves ou óbitos. O fato de que alguns vacinados pegam Covid-19 não pode ser descontextualizado, pois a ampla maioria dos vacinados não pega e, se pega, não vai parar num hospital e, felizmente, não vai a óbito.

Outra narrativa dos “palpiteiros” para desacreditar as vacinas é reclamar que será necessária uma terceira dose. Ora, já estamos acostumados com várias doses em praticamente todas as vacinas que tomamos nas nossas vidas. É assim para o HPV, para o tétano, para a gripe.

Por fim, dirijo-me à população brasileira. Para ficarem bem informados sobre a pandemia, considerem a opinião dos cientistas e ignorem as notícias falsas disseminadas pelos “palpiteiros”. A pandemia ainda não acabou e precisamos trabalhar juntos para derrotar o vírus e seus aliados.

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