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Com Linn da Quebrada no BBB, o Brasil se vê diante de uma oportunidade pedagógica

A entrada de Linn da Quebrada no reality traz para os lares de milhões de brasileiros a possibilidade de ver uma travesti em sua complexidade humana

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Maria Clara Araújo dos Passos

Pedagoga e Mestranda em Educação pela USP

No último domingo, 23, Tadeu Schmidt reservou um momento da tão aguardada formação do primeiro paredão da 22ª edição do BBB (Big Brother Brasil) para Linn da Quebrada não apenas relatar a história por trás de sua tatuagem na testa, como também ratificar o seu pronome de tratamento. Nesse caso, ela/dela.

Linn da Quebrada conta história de sua tatuagem na testa com o pronome "ELA' - Globo/Reprodução

O que pode parecer pequeno para algumas pessoas, no caso das travestis e mulheres transexuais brasileiras, o momento representou um ato de afirmação das nossas humanidades.

Ariadna Arantes, primeira participante mulher trans do BBB há 11 anos, publicou recentemente uma matéria de jornal em seu Instagram que representa bem a forma depreciativa que frequentemente somos retratadas pelos veículos de comunicação. Travestis e mulheres transexuais costumam ser hipersexualizadas, criminalizadas e satirizadas no Brasil. Ora vistas como lascivas e disponíveis sexualmente, ora vistas como demasiadamente agressivas e perigosas ou como caricaturas.

Em contraposição às representações distorcidas, a entrada de Linn da Quebrada no reality traz para os lares de milhões de brasileiros a possibilidade de verem uma travesti em sua complexidade humana: sendo determinada, corajosa, mas também medrosa, contraditória e reivindicando o seu direito ao erro, como ela mesma colocou. Sendo assim, com Linn da Quebrada no BBB, o Brasil se vê diante de uma oportunidade pedagógica.

Tenho plena consciência das problemáticas que envolvem o Big Brother Brasil, tendo em vista as maneiras pelas quais as nossas pautas são esvaziadas. Acredito que Linn da Quebrada também compartilha dessa consciência.

De todo modo, para além dos motivos pessoais e materiais que a levam ao programa, penso que a escolha de Linn da Quebrada se inscreve em um esforço coletivo das travestis e mulheres transexuais brasileiras em disputar o imaginário. Outrora anunciadas como perigosas em capas de jornais, hoje estamos interessadas em escrever novos capítulos. O nosso compromisso é com o avanço das nossas agendas.

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