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Presidente nacional da Cufa, fundador do Laboratório de Inovação Social e membro da Frente Nacional Antirracista.

Carta à Carolina Maria de Jesus!

A favela, que era quintal, ocupou o Palácio dos Campos Elíseos

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Carolina Maria de Jesus definiu a cidade mais rica do país: "Eu classifico São Paulo assim: o palácio é a sala de visita. A prefeitura é a sala de jantar. E a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam lixos".

Preta, ainda temos muito a fazer para que isso mude. Mas deixa eu compartilhar umas coisas. Faz dois anos que voltei a morar em São Paulo. A primeira vez eu habitava uma laje na Cohab Adventista, cedida por uma amiga do movimento social, a Paulina. Conheci-a pelos amigos do rap, ela era amiga de dona Ana, mãe de Mano Brown, um dos ícones da cultura preta e favelada do país.

A escritora Carolina Maria de Jesus durante noite de autógrafos do lançamento de seu livro "Quarto de Despejo", em uma livraria na rua Marconi, em São Paulo, em 1960 - Acervo UH - 9.set.60/Folhapress

Era um tempo duro para mim, cheio de sonhos, era mais um cearense querendo se dar bem no Sudeste e ajudar a família. Mas, como disse Belchior, a noite fria me ensinou amar mais o meu dia. E eu voltei para minha terra natal.

Uma década depois, Celso Athayde e Marcivan me trouxeram de volta devido às ações na pandemia e para fortalecer o trabalho que já vem sendo feito por nossas lideranças na terra onde, como diriam os Racionais MC’s, "a garoa rasga a carne, é a Torre de Babel".

Das muitas realizações, destaco a participação no Roda Viva, comandado pela jornalista Vera Magalhães, que segue sendo a articuladora e parceira estratégica da maior participação de gente preta na roda das maiores discussões do país.

Antes da pandemia, realizamos a Taça das Favelas, mobilizando mais de 40 mil pessoas no Pacaembu e repetimos o feito em 2022, batendo recordes de audiência. O mais lindo foi a polícia de trânsito escoltando nossos meninos e meninas até a arena de Barueri, parando São Paulo.

Conseguimos emplacar o 4 de novembro como o Dia da Favela. Sim, temos uma data se tornando lei por estados e municípios de todo o país, não para glamourizar a miséria, mas para saudar a força, a capacidade de inovar, criar soluções e a resiliência da favela.

Impossível não lembrar de você ao lançarmos o documentário "Mães do Brasil", inspirado no programa Mães da Favela, que nos orientou nas ações durante a pandemia. Fui convidado para receber Domenico de Masi num jantar organizado por Roberto Irineu Marinho, com a presença de Roberto d’Ávila e as digníssimas esposas.

Dia 25 de novembro vai para a história, pois a favela, que era quintal, ocupou o Palácio dos Campos Elíseos. Nosso Museu das Favelas foi aberto ao público, graças a muitos esforços, a quem resumo os agradecimentos aos parceiros João Doria e Sérgio Sá Leitão.

No próximo bilhete te falo mais sobre isso. Agora vamos torcer pela seleção, pela melhora de Neymar, e que a vitória acolha Gilberto Gil e Flora, e que a alegria possa ir dando espaço ao entendimento e à pacificação que queremos.

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