Gilberto Gil diz que ataques a ele no Qatar são estúpidos e agradece solidariedade de fãs

Cantor chamou situação de terceiro turno por parte de eleitores que perpetuam ódio inconformados com o resultado das urnas

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São Paulo

O cantor Gilberto Gil, de 80 anos, agradeceu o apoio que recebeu após ter sido xingado por torcedores brasileiros na última quinta-feira no momento em que caminhava para assistir à estreia do Brasil na Copa do Mundo de 2022. Além dele, a empresária Flora Gil também foi alvo dos ataques.

"Nossos agradecimentos, meu e da Flora, enfim por essa solidariedade diante dessa agressão, dessa coisa estúpida", afirmou o cantor em um vídeo no Instagram.

O músico Gilberto Gil - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Ele afirmou que a situação pela qual passou é o terceiro turno de eleitores inconformados que perpetuam mais um capítulo "dessa sequência de ódio que é o que eles gostam de fazer".

A agressão sofrida por Gil e Flora ocorreu num corredor enquanto caminhavam para assistir à partida do Brasil contra a Sérvia.

"Vamo, Lei Rouanet", gritou um dos homens. Ele estava com um copo na mão, vestido com a camisa da seleção e usava um chapéu verde e amarelo estilizado no momento em que Gil e Flora andavam em direção ao estádio. O casal estava acompanhado da empresária Lilibeth Monteiro de Carvalho.

Um dos homens que aparece no vídeo é o empresário Ranier Felipe dos Santos Lemache, que usa uma camisa da seleção brasileira com o número 40 e o nome "Papito Rani" gravados nas costas. Ele é sócio de diversas filiais das redes Domino’s Pizza e Spoleto espalhadas pela cidade e pelo estado do Rio de Janeiro.

Em sua página no Facebook, Ranier já fez comentários contrários ao PT, partido de Lula, que foi apoiado por Gil na eleição deste ano. Em 2018, ele pediu "PT nunca mais" e publicou que "quando o seu ódio pelo Bolsonaro é maior do que seu ódio pela corrupção, o problema não está nos políticos, está em você".

Este ano, na noite da votação do segundo turno da eleição, Ranier escreveu que "o Brasil é maior que a nossa divisão política. Que possamos ter paz e harmonia nos próximos anos. Deus acima de tudo. Empatia para todos!!!".

Após ouvir a provocação, Gil, Flora e Monteiro de Carvalho pararam por alguns segundos e depois seguiram caminhando. No vídeo, é possível ouvir vozes mencionando o nome do presidente Jair Bolsonaro e falando palavrões em direção ao cantor, que não reagiu.

Também vestido com a camisa da seleção, outro torcedor abordou Gil e fez um selfie enquanto o grupo ouvia as ofensas.

Depois do episódio, figuras públicas foram às redes sociais prestar solidariedade a Gil e Flora. O senador Randolfe Rodrigues, da Rede, do Amapá, que já recebeu ameaças pelas redes sociais, chamou os torcedores de criminosos.

"Um artista de 80 anos sendo vítima de golpistas. Vamos denunciar e cobrar punições da Fifa. Já passou da hora de essa gente ir para o lugar que merece, a cadeia", disse.

O deputado federal André Janones, do Avante, de Minas Gerais, também compartilhou o vídeo e afirmou que a nova onda da extrema direita é cometer crimes.

"É terrorismo, ameaça, injúria. O crime foi filmado, aparentemente o bandido se orgulha do que fez com Gilberto Gil (80 anos de idade), a quem presto toda a minha solidariedade."

A atriz Leandra Leal também condenou a atitude dos torcedores. "Uma das coisas que mais me deixa feliz em ser brasileira é ser do mesmo país que Gilberto Gil", escreveu. "Gil é um gênio, um dos maiores artistas, ativistas, um ser iluminado".

Caetano Veloso, parceiro e amigo de Gil, escreveu que o artista foi injuriado por bolsonaristas. "Quero prestar solidariedade ao gênio Gil e dizer que nós, os artistas, assim como a verdadeira sociedade, esperamos que os criminosos sejam punidos".

Aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, também se posicionaram contra as hostilizações. Eles compartilharam o vídeo mostrando as agressões e pediram que os responsáveis sejam identificados e punidos.

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