Siga a folha

Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Trabalho da seleção até Copa do Qatar será mais árduo do que de costume

Tite convocará time nesta sexta (18) com expectativa de jogar eliminatórias em outubro

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Faz 33 anos que a seleção brasileira não passa 11 meses sem jogar. Aconteceu entre a derrota para a França, em junho de 1986, até a excursão à Europa em maio do ano seguinte. Carlos Alberto Silva era o técnico. Raí, Dunga e Romário estrearam naqueles jogos, e a Copa do Mundo estava a três anos de distância.

Mesmo assim, a obrigação de renovar o time preocupava. Não haveria mais Zico, Sócrates, Júnior, Cerezo e Falcão, e a nova geração precisava ser preparada por três anos para encerrar o jejum que chegava a 20.
No Mundial seguinte, o Brasil fez sua pior campanha desde 1966 e, portanto, o maior vexame depois de ser tricampeão.

Tite divulgará a lista de convocados da seleção nesta sexta-feira (18), com a expectativa de disputar partidas das eliminatórias em outubro.

Como a Conmebol conseguiu realizar os jogos da Libertadores nesta semana, o otimismo aumenta, mas há diferenças fundamentais nas seleções: os craques vêm da Europa. Depois, voltam para lá e podem ser obrigados a cumprir quarentenas, dependendo da legislação de cada país.

Willian recentemente viajou do Brasil para a Inglaterra e precisou cumprir 15 dias em casa.

Os estágios da pandemia são diferentes em cada continente. Pela tabela das eliminatórias, a seleção enfrentará a Bolívia, na Neo Química Arena, dia 8 de outubro, e o Peru, em Lima, dia 13.

Será um clássico. O Brasil é o segundo país do mundo em número de mortes por Covid-19. O Peru é o primeiro no ranking de mortes por milhão de habitantes (desconsiderado San Marino, de população muito menor).

Daí entende-se que o retorno de Lima pode implicar problemas não só para quem vive no Brasil, mas principalmente para quem volta para a Europa, como Thiago Silva, Willian, Casemiro, Neymar e 20 dos 23 convocados por Tite, porque a média recente é de três chamados de times brasileiros por lista.

Não jogar as eliminatórias em outubro colocará em risco a Copa do Mundo. Se só houver fase classificatória na Europa, não tem como jogar daqui a dois anos. O atraso por mais um mês arriscará, pelo menos, o sistema de turno e returno, pelo número de datas disponíveis.

Mesmo jogando já, os sul-americanos seguirão em condição de absoluta inferioridade com os europeus. O abismo aumenta a cada dia.

A Liga das Nações teve partidas em setembro e haverá mais em outubro, com a reedição da última final de Eurocopa, entre França e Portugal, campeões do mundo contra campeões da Europa.

As severas e justas críticas ao fato de o Brasil não fazer amistosos contra seleções europeias tem resposta da CBF no fato de que há poucas datas livres, depois da criação da Liga das Nações, e os rivais não querem enfrentar a seleção de Tite.

Alemanha e Dinamarca já recusaram amistosos, por preferirem se testar contra times médios, estufar o peito com uma vitória, antes de voltar para a competição mais forte.

Não jogar contra os fortes enfraquece. A última Copa sem jogos do Brasil contra europeus, na fase preparatória, foi a de 1954. Não foi acaso ter vencido o primeiro Mundial depois da primeira excursão à Europa, em 1956.

A preocupação de Tite, antes da convocação, é a condição física dos jogadores. Vai ter de pensar mais. Se quem vai ao Peru conseguirá voltar a seu clube e se quem joga no Brasil terá nível internacional para disputar a Copa, com pouco intercâmbio com técnicas e táticas em ação na Europa.

O trabalho da seleção, daqui até o Qatar, em novembro de 2022, será mais árduo do que de costume. A pandemia aumentou a chance do quinto título consecutivo de uma seleção da Europa.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas