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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Inimiga da qualidade é a pressa, não o passaporte

Não adianta mudar nacionalidade se não aumentar tempo mínimo para treinadores trabalharem

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Se dependesse da avaliação da qualidade de Vasco x Palmeiras para entender o sucesso dos técnicos portugueses no Brasil, estariam todos reprovados. O jogo foi fraquíssimo. Evidente que qualquer comentarista que queira analisar o que vai haver de contribuição dos novos gajos, com base no primeiro confronto, será acusado de estar ele, o jornalista, ultrapassado.

E haverá razões para isso, como ouvir que Benítez ia ser o cérebro do Vasco. No sistema de Sá Pinto, jamais seria.

Lucas Lima dribla Neto Borges dentro da área do Vasco; vascaino cometeu pênalti - Sergio Moraes/Reuters

No 3-4-3 do treinador português, com variação para 5-4-1 na defesa, o argentino joga pela direita. Deveria funcionar como homem de criação no ataque, mas bloquear a subida de Viña quando o Vasco recuava para a defesa.

O italiano Antonio Conte foi mestre nesse sistema, campeão italiano três vezes pela Juventus e inglês pelo Chelsea, sempre assim. No ataque, três atacantes. Ao perder a bola, transição rápida e linha de cinco defensores com quatro meio-campistas.

Não viu o Chelsea de Antonio Conte? Então, não vai entender o Vasco de Sá Pinto e nem o PAOK de Abel Ferreira, que atuava do mesmo jeito.

Esse é um dos problemas: nossa análise também está desatualizada. Nossa cultura, mais ainda. O primeiro confronto de Brasileiro entre técnicos portugueses deveria ter acontecido em 2016, quando o Cruzeiro foi dirigido pelo gajo Paulo Bento e o América-MG por Sérgio Vieira.

Ocorre que os dois foram mandados de volta a Portugal antes de a tabela marcar Cruzeiro x América. Demitidos.

Não adianta mudar a nacionalidade, se não aumentar o tempo mínimo para deixar os treinadores trabalharem. Sejam brasileiros, portugueses, espanhóis, argentinos ou se vierem da Lua.

Palmeiras de Abel, igual ao de Andrey Lopes - Folhapress
O Vasco numa sanfona: 5-4-1; tinha de virar 3-4-3 - Folhapress

O mérito de Abel Ferreira foi usar a mesma estratégia de Andrey Lopes. O português entrou no vestiário e disse ao gaúcho ter assistido a um time de um técnico europeu nascido no Brasil. Andrey agradeceu. Abel Ferreira é bom e pode ter sucesso.

Ocorre que o Palmeiras foi bem quando marcou com pressão média, na altura do meio de campo, recuperou a bola e saiu com rapidez. O Vasco sabia disto e recuou. Tirou o espaço para os palmeirenses de velocidade.

O gol da vitória veio depois da entrada de Lucas Lima na vaga de Raphael Veiga. Chamou a atenção o olhar atento de Lucas Lima para a prancheta de Abel Ferreira, para entender o que o português queria, do ponto de vista tático. Lucas entregou qualidade técnica, com um drible surpreendente, que obrigou a zaga a fazer o pênalti.

Cobrado por Luiz Adriano, o pênalti resultou na sexta vitória seguida do Palmeiras. Quatro sob o comando de Andrey Lopes, duas com o português Abel Ferreira.

Bem-vindo, Abel. Só não nos esqueçamos que a última sequência tão positiva de vitórias do Palmeiras foi com Luiz Felipe Scolari, entre a terceira e nona rodadas do Brasileiro de 2019.

Naquela época, junho do ano passado, perguntava-se em qual rodada Felipão seria campeão brasileiro. Em setembro, foi demitido e o Palmeiras terminou o campeonato em terceiro lugar. Mais importante do que mudar a nacionalidade de nossos treinadores, será mudar nossa pressa e ansiedade para conseguir qualidade de jogo.

O clássico

Manchester City x Liverpool é o melhor jogo da atual temporada e não foi emocionante. Mas o princípio de Jurgen Klopp é louvável. Entre Firmino e Diogo Jota, quem joga? Os dois. A lógica foi escalar os melhores. O City ainda está abaixo do que pode render.

Na briga

O São Paulo não jogou bem contra o Goiás, abusou dos cruzamentos, mas venceu com gol de fora da área de Igor Gomes. Fernando Diniz não é uma besta, nem bestial. É um treinador tentando acertar e amadurecer. E que está disputando o título.

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