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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Vinicius Junior é o protagonista em que Zidane não acreditou

Brasileiro coadjuvou Benzema à espera do momento de ser o ator principal

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A transmissão da Uefa levou a imagem imediatamente a Zinédine Zidane, nas tribunas do Stade de France, logo após o gol da vitória do Real Madrid, marcado por Vinicius Junior. O craque francês, autor de dois gols em final de Copa do Mundo no estádio sagrado de seu país, nunca apostou em Vinicius. Ancelotti, sim.

O técnico italiano não é um maníaco pelo ataque, mas também nunca foi um retranqueiro, acusação comum aos técnicos italianos. Chegou, observou, conversou e escalou Vinicius Junior.

O resultado foi um jogador capaz de marcar 22 gols na temporada, apenas menos do que os 44 de Benzema. Vice-artilheiro do Real Madrid, líder de assistências da Liga dos Campeões, autor do gol do título, da 14ª conquista do Santiago Bernabéu.

Vinicius Junior balança a rede e decide a Champions - Gonzalo Fuentes/Reuters

Vinicius é parte da grande reconstrução do Real Madrid, o campeão dos renascimentos. Estava eliminado pelo Paris Saint-Germain, nas oitavas de final, aos 31 do segundo tempo. Virou e sobreviveu. Estava eliminado pelo Chelsea, aos 30 da segunda etapa.

Renasceu com gol de Rodrygo e passe de Vinicius para Benzema marcar. Contra o Manchester City, outra ressurreição, dois gols de Rodrygo. O time estava eliminado já nos acréscimos.

A primeira final da história em que a nacionalidade mais escalada era a brasileira, cinco nascidos no Brasil, contra três franceses, dois espanhóis e dois ingleses, a 22ª decisão de Liga dos Campeões do século, período em que houve brasileiros em todas as decisões –nenhum outro país teve isso–, teve um jovem craque nascido em São Gonçalo (RJ) como protagonista.

Poderia ter sido Benzema se o árbitro francês Clement Turpin tivesse validado o gol de Benzema. A mais brasileira final da história da Champions foi também aquela com atraso de 37 minutos por invasão do estádio por torcedores sem ingresso e em que o VAR demorou muito para invalidar um gol por interpretação –o recuo foi de Fabinho e foi gol.

Lembremo-nos: foi em Paris.

O Liverpool jogou melhor do que o Real Madrid. Finalizou 21 vezes, nove na meta de Courtois, um dos destaques do jogo junto com Valverde e Vinicius Junior. Desarmou no campo de ataque sete vezes, 41% das recuperações de bola, como manda o repertório de Jürgen Klopp. Com 54 segundos, a primeira recuperação de bola no ataque, com um minuto e 22 segundos, a segunda.

O Real Madrid finalizou uma vez. Uma! Gol de Vinicius Junior.

Não se trata de nenhum pacto com nenhuma entidade estranha, mas de uma capacidade incrível de refazer um time com coadjuvantes. Em 2018, contra o Liverpool, o Real Madrid se tornou o primeiro time da história a ganhar a Champions duas vezes seguidas com a mesma formação: Navas, Carvajal, Varane, Sergio Ramos e Marcelo; Casemiro, Kroos e Modric; Isco, Benzema e Cristiano Ronaldo.

Então, Cristiano foi embora para a Juventus e os merengues passaram quatro temporadas para refazer o time campeão. A partir de Benzema. Incrível como o coadjuvante de Cristiano virou o grande protagonista. Vinicius coadjuvou o francês nesta temporada, à espera do momento de ser o ator principal.

Diferentemente de Zidane, flagrado pelas câmeras da Uefa depois do gol, Carlo Ancelotti confiou. Na decisão, Vinicius virou herói. O protagonista do 14º troféu do Real Madrid.

Toda vez que se diz que o Brasil tem o maior número de jogadores numa fase de Champions, ou que se tornou, no sábado (28), o primeiro país não europeu a ter mais titulares do que uma nação do Velho Continente, alguém registra: "Não temos mais protagonistas".

Vinicius Junior foi o protagonista da decisão da Liga dos Campeões, pelo Real Madrid.

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