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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Final europeia deve ter mais brasileiros do que espanhóis e ingleses

Decisão da Champions provavelmente será a primeira em que Brasil terá maior número de titulares

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As escalações prováveis da imperdível final da Liga dos Campeões, neste sábado (28), Liverpool x Real Madrid, têm 14 nacionalidades, sendo cinco brasileiros, três franceses, dois espanhóis e dois ingleses.

Se as formações se confirmarem, será a primeira vez na história em que o Brasil terá o maior número de titulares numa finalíssima de Champions League. Já houve empate, em 2018, também entre Liverpool e Real Madrid, quando havia três brasileiros, três ingleses e três espanhóis.

Fabinho e Alisson serão os brasileiros titulares do Liverpool - Phil Noble - 7.mai.22/Reuters

O Liverpool foi o último campeão europeu sem nenhum brasileiro no elenco. Venceu o Milan, de Dida, Cafu e Kaká, na decisão de Istambul, em 2005, 17 anos atrás.

A última final sem nenhum jogador apto a ser convocado pela seleção brasileira foi a de 1999, entre o Manchester United, de David Beckham, e o Bayern, de Effenberg.

Élber, paranaense de Londrina, artilheiro do time bávaro no Campeonato Alemão daquela temporada, estava machucado. Foi desfalque.

No século 21, não houve finalíssima de Champions sem brasileiro em campo. Mas já houve sem espanhóis, sem italianos, sem ingleses, sem alemães, sem franceses.

É incrível ver o recorde de brasileiros em meio à crise do futebol pentacampeão mundial. Repete-se que não temos mais protagonistas. O que se passa com ingleses e espanhóis, então, se a prévia tem apenas dois espanhóis, Carvajal e Thiago, e dois ingleses, Alexander-Arnold e Henderson. E olha que Thiago é brasileiro, nascido na Itália, apesar de selecionável espanhol.

Importante frisar: não se trata de usar esse dado de maneira ufanista. Trata-se de tentar compreender por que o Brasil se recusa a fazer um dos campeonatos mais importantes do planeta tendo tantos jogadores especiais.

Nesta semana, Benzema declarou julgar um equívoco não incluir Vinicius Junior na lista dos melhores jogadores do mundo. Aos 21 anos, o craque criado no Flamengo é o líder de passes para gols da Liga dos Campeões.

Vinicius Junior está, diz Benzema, entre os melhores do mundo - Javier Soriano - 12.mai.22/AFP

Mas, não, a Champions não é o melhor Campeonato Brasileiro do globo, mesmo tendo tantos jogadores nascidos aqui. A cultura do jogo é cada vez mais deles. Enquanto continuamos perguntando por que nossos times não têm mais camisas 10, seja um ponta-de-lança, como Zico, ou um meia armador, como Ademir da Guia, Jürgen Klopp ensina que não existe nenhum 10 como o "gegenpressing", a pressão para roubar a bola no ataque e partir em direção ao gol.

Klopp é pop. Assistir a uma de suas entrevistas coletivas é como ver um personagem misturado entre Felipão e Vítor Pereira. É possível rir com uma observação divertida como num "stand up" e, ao mesmo tempo, beber do conteúdo de explicações táticas.

Klopp é do time dos transformadores, como Guardiola. Ancelotti, um administrador de vaidades. Kaká o considera o melhor daqueles com quem trabalhou, pela capacidade de tirar o máximo de cada um de seus craques.

Apesar de conservador, Ancelotti tentou ser um revolucionário. Sua dissertação para se formar na escola de treinadores de Coverciano, na Itália, tratava dos movimentos de ataque no 4-4-2. Pensava em ser ofensivo. E foi, a ponto de se tornar recordista de gols no Campeonato Inglês, com o Chelsea de 103 gols, campeão de 2010, antes de o City de Guardiola quebrar a marca em 2018 (106 gols).

Os craques são brasileiros, os estrategistas, europeus.

Numa hipérbole, é como se o futebol fosse um jogo pensado por europeus e executado por brasileiros. Os clássicos do Brasileirão terão dois treinadores europeus. A final europeia deve ter mais brasileiros do que espanhóis e ingleses, em Real Madrid x Liverpool.

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