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Editora do prêmio Empreendedor Social, editou a Revista da Folha. É autora de “As Meninas da Esquina”.

Aniversário em quarentena é renascer conectado com o que importa

Sem festa nem presentes, celebrações em tempos de coronavírus levam a reflexões sobre mudanças profundas que estão apenas começando

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São Paulo

Como apagar velinhas sem assoprar e inundar o bolo de fluidos indesejados em tempos de coronavírus?

A questão parece boba, mas não é, quando se tenta controlar uma pandemia que colocou o mundo de quarentena e o nosso modo de vida em xeque.

Comemorar aniversário em casa, protegendo a si e aos outros, é o recomendado por médicos e seguido por quem respeita os protocolos desta crise sanitária que mal começou por aqui.

Café da manhã de aniversário da repórter durante quarentena, acompanhada por seus filhos - Arquivo pessoal

É o meu caso que, por 14 dias, estarei cumprindo uma quarentena e passei a trabalhar em esquema de home office após retornar de uma viagem a Dubai.

Enfim, aquele antigo desejo de trabalhar em um ritmo menos acelerado e ficar mais em casa, de repente, concretizou-se. Não por decisão pessoal, mas por imposição do momento.

Neste momento era para estar na Índia, caso as fronteiras não tivessem sido fechadas para tentar evitar que a doença se alastre pelo país-continente de mais de um bilhão de habitantes, grande parte deles vivendo na miséria.

Voltei mais cedo para o Brasil e para a conhecida “Belíndia. Estou relativamente protegida na Zona Oeste da cidade de São Paulo, equivalente da Bélgica em termos econômicos, de onde vejo da minha janela que os cuidados e esquemas de segurança sanitária começam a ser levados a sério.

Mas acompanho pelos jornais e pelos grupos de WhatsApp as notícias que chegam da Índia verde-amarela, as periferias e favelas brasileiras imersas em problemas que só tendem a se agravar em uma pandemia. E ali falar em home office é ficção, álcool em gel é artigo de luxo inexistente e “trampar hoje para comer amanhã” é a real.

É desconfortável comemorar meu aniversário neste 20 de março em meio a tantas incertezas e às interrogações sobre os impactos sanitários, econômicos e sociais da Covid-19.

Mas, diante de um cenário de medo e angústias, há sempre o lado do copo meio cheio, de acreditar que o coronavírus pode trazer em si também o poder da mudança.

Por isso, celebro a vida sempre. Na esperança de que uma doença que cresce exponencialmente e coloca de joelhos até as grandes potências nos faça chegar também à raiz dos nossos grande problemas, da desigualdade social às mudanças climáticas.

O coronavírus nos força a ficar em casa, isolados, mas ao mesmo tempo próximos de quem amamos, cuidando um dos outros. Isso não é pouco e nos conecta com o que de fato importa enquanto humanos.

A primeira e decisiva transformação precisa se operar dentro de cada um e a partir daí irradiar para o coletivo.

A crise sem precedentes empareda sistemas, corporações, impacta todos os setores da economia e cobra ação e planejamento de governo.

Na esfera privada, mostra a fragilidade de estilos de vida calcados em consumo desenfreado e exploração irracional dos recursos naturais, numa busca incessante por dinheiro, conforto e status.

Sempre gostei de festejar meus aniversários e estar rodeadas das pessoas que amo, reunindo os amigos e a família. Hoje, a comemoração ficou restrita a mim e aos meus dois filhos.

Bruna, 14, e João, 9, tiveram a missão de preencher a casa e o coração, também cheio do carinho que chegou em telefonemas, mensagens de WhatsApp e posts nas redes sociais.

Com shoppings fechados, a repórter foi presenteada pelos filhos com bilhetes especiais - Arquivo pessoal

É também um aniversário sem presentes comprados em shoppings. Os regalos foram em forma de bilhetes e de uma linda maquiagem feita pela filha adolescente e talentosa com pincéis.

Uma bela recordação de um aniversário que significa ainda o renascer de uma maneira mais simples de viver e encarar a vida.

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