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Humorista e cartunista, um dos criadores do Casseta & Planeta. É autor de “A Arte de Zoar”.

Minhas vidas passadas

Um dia, tentando ser um Zé Ninguém, virei um Zé Alguém

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Já fui muita gente nesta vida. Já fui o Itamar Franco, a Lady Di e o técnico Zagallo. Mas fui também seres não humanos, como o ET de Varginha e o Mosquito da Dengue. Durante quase 20 anos fazendo o programa Casseta & Planeta, tive muitas vidas passadas, mas uma delas foi especial.

Em vários quadros e situações do programa eu não precisava me caracterizar de alguém especificamente. O personagem tinha que ser um Zé Mané, um João Ninguém, um popular anônimo, um cara que só tinha que fazer uma aparição fortuita no meio de uma piada.

Em casos como esse, eu entrava na sala de maquiagem e botava uma peruca qualquer, um bigode e uns óculos, o que é suficiente para compor um personagem tipo Zé Ninguém. Mas um dia, sem querer, eu virei um Zé Alguém: o Kurt Vonnegut, um dos meus escritores preferidos.

Estou lembrando isso tudo só para comemorar os 50 anos do lançamento de "Matadouro 5", seu livro mais famoso. Este é um dos melhores livros de guerra que existem, e não porque fala de heróis e heroísmo, mas porque fala da boçalidade, da violência, do absurdo e do horror. Mas, para encarar o horror ele usa o humor. E dá certo.

O cara inventou um estilo pessoal e intransferível, e para falar de muita coisa não precisou escrever centenas de páginas de um tijolaço. Ele não joga conversa fora. Todas as frases e parágrafos estão lá porque têm algum motivo. E, numa demonstração de consideração com o leitor, já deu uma dica muito boa para jovens escritores: "Use o tempo de uma pessoa que você não conhece de modo que ela não tenha a sensação de que está perdendo tempo". Por isso, paro por aqui.

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