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Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.

A utopia do Fluminense

Eis o futebol em toda sua magnitude técnica, artística e mística

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Por um momento, a utopia brasileira sorriu. Por um momento, vimos a possibilidade de construção de uma nação capaz de unir excelência e alegria. Que faz da mistura, da miscigenação, o seu trunfo. Que sublima o esporte e a arte.

Por um momento, o suor do trabalho se impôs à monumental força do dinheiro. A meritocracia foi efetivamente democrática.

Por um momento, a força coletiva se impôs à individual. A alma se tornou maior do que o corpo.

A dedicação, o talento e o deleite se impuseram de forma deslumbrante e nos fizeram enxergar uma ideia de país. Por um momento, sentimos que o Brasil pode oferecer uma palavra nova ao mundo.

Esse momento durou noventa minutos e se materializou no Maracanã como um sonho, uma utopia visível a todos, na final do Campeonato Carioca do último domingo. Os idiotas da objetividade, como diria Nelson Rodrigues, vão alegar que a taça estadual tem pouca expressão. Os idiotas só enxergam taças, balancetes trimestrais e estatísticas. São incapazes de vislumbrar a religião, a subjetividade, a força de uma camisa, a paixão irracional e descomunal do torcedor. Os idiotas de todo o mundo estão matando o futebol.

A utopia que o Fluminense projetou em 90 minutos, portanto, vai muito além de uma taça.

Ilustração de Débora Gonzales para a coluna do Renato Terra do dia 13 de abril de 2023 - Débora Gonzales

O primeiro gol de Marcelo e o último gol de Alexsander consagram duas gerações formadas nas divisões de base do Fluminense em Xerém. Só os idiotas da objetividade são incapazes de enxergar em Xerém a grandeza mística de uma Shangri-lá. Xerém forma crianças, dando oportunidade de integração social e econômica por meio do esporte. Xerém forma jogadores identificados com o time e com a torcida. Xerém formaria um time imbatível com os jogadores em atividade: Thiago Silva, André, Gustavo Scarpa, Pedro, Gerson, Luiz Henrique, Fabinho, Marinho, Marcelo, Alexsander, Martinelli, Arouca, Diego Souza, Ayrton Lucas, Tiago Volpi e Fábio.

Tudo isso sob a batuta de um homem que consegue ser mais eficiente que Guardiola e mais carismático que Ted Lasso. Fernando Diniz sabe enxergar os jogadores além do seu potencial estatístico em campo. É, acima de tudo, o formador de uma filosofia.

O Fluminense abraça a ideia de ser o time de todos e todas. É uma ideia das mais bonitas de como se viver em sociedade.

Enquanto você lia esta coluna, German Cano fez mais um gol.

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