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Humorista, membro do coletivo português Gato Fedorento. É autor de “Boca do Inferno”.

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América Latina

No Brasil de Lula, percebe-se que narrativa no país dos outros é refresco

Fome e repressão ficarão fora da história para dormir dos 7,2 milhões de pessoas que saíram em busca de uma vida melhor

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Um excelente método para avaliar a qualidade de um regime político é observar o movimento das pessoas. Se muita gente tenta abandonar um país, isso é um bom indicador de que o regime que lá vigora talvez não seja o mais recomendável.

Por exemplo, sabemos que várias pessoas procuram fugir da Coreia do Norte, até correndo risco de vida.

Já é bem menos impressionante o fluxo migratório de pessoas que procuram entrar na Coreia do Norte em busca de melhores condições.

Creio até que, se alguém se dirigir a uma embaixada da Coreia do Norte e anunciar que deseja emigrar para lá, as próprias autoridades norte-coreanas vão desconfiar que algo de muito errado acontece.

Ora, desde 2014, 7,2 milhões de venezuelanos abandonaram a Venezuela. Em 2014, a Venezuela tinha 30 milhões de habitantes. O que significa que quase um quarto dos habitantes do país decidiu sair.

A organização Human Rights Watch tem chamado a atenção para o que todos sabemos: Maduro é um governante autoritário que subordinou o sistema judicial aos seus interesses, reprime e tortura manifestantes, e instaura processos criminais contra civis em tribunais militares.

Desde 2014 houve 15.700 prisões por motivos políticos. Além disso, segundo a ONU, a prevalência de desnutrição na Venezuela é altíssima.

No entanto, para Luiz Inácio Lula da Silva, o problema é a existência de uma narrativa contra a Venezuela.

E, segundo o presidente brasileiro, é preciso que a Venezuela construa a sua própria narrativa para fazer com que as pessoas mudem de opinião.

Tendo em conta que a situação é desesperada, talvez devêssemos experimentar este método. Reunir os 7,2 milhões que foram saindo do país por causa da narrativa anterior e, quem sabe à hora de deitar, contar-lhes outra narrativa.

Pode ser esta: "Era uma vez uma Venezuela livre, democrática e próspera onde ninguém era preso nem torturado por discordar do presidente. As organizações não governamentais reconheciam que se tinham enganado e, vendo melhor, concluíam que afinal os direitos humanos eram respeitados no país. E todo o mundo fazia pelo menos três refeições por dia. E havia alegria e riso, e as crianças perguntavam: o que é o jantar hoje, mãe? E a mãe respondia: é batatas com narrativa, filho". Pode ser que resulte.

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