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Humorista, membro do coletivo português Gato Fedorento. É autor de “Boca do Inferno”.

Novo estudo revela que cientistas de Harvard estão dormindo

Tenho muito apreço pelo ato do descanso, embora eu não o pratique

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Um estudo feito por cientistas de Harvard revela que a hora ideal para ir dormir é entre as 22h e as 23h. Ou seja, cientistas estudaram a questão da hora de deitar e, após cálculos, experiências e raciocínios complexos, concluíram cientificamente que a hora de deitar ideal é aquela a que a maior parte das pessoas se refere como "hora de deitar".

A minha avó, que não era cientista de Harvard, chegou a conclusões muito semelhantes recorrendo apenas à intuição. Creio que ela pensava: "Bom, o sol já se pôs, eu já jantei, toda a gente que conheço foi para a cama. Talvez seja altura de também ir para a cama".

Fico à espera que os cientistas de Harvard elaborem agora estudos que validem todas as outras teorias da dona Adélia.

Por exemplo, um estudo que revele que, quando a noite está fresca, é melhor usar um casaquinho. Ou que não é bom correr com tesouras na mão. Ou que a sopa faz muito bem.

Reparem que não sou contra o estudo. Aceito que os cientistas de Harvard, para desenjoar da tentativa de descobrir a vacina contra o câncer —ou, ainda mais importante, contra a minha calvície— se entretenham a ponderar qual será a melhor hora para ir dormir.

Dormir é mais importante do que parece, e mais difícil do que deveria. Eu não durmo desde que as minhas filhas nasceram, há 20 anos. Primeiro não dormi porque elas choravam, depois não dormi porque elas saíam à noite com os amigos, e agora não durmo porque elas foram estudar no estrangeiro.

Tenho muito apreço pelo ato de dormir, embora eu não o pratique. Portanto, o meu problema não é o estudo. A questão é: se os resultados do estudo foram estes, valeria a pena publicá-los?

Uma coisa era os cientistas de Harvard terem descoberto que a hora ideal para ir dormir era às 6h15 da manhã. Aí, sim, valia a pena publicar o artigo. É útil mesmo saber qual é a melhor hora para dormir.

Os espanhóis tentam várias horas à noite e mais duas ou três à tarde, a ver se acertam. Eles continuam a tentar. Essa, sim, é uma questão que vale a pena ser investigada. Mas se o resultado é o que todo o mundo já conhecia, talvez os cientistas tenham desperdiçado o seu valioso tempo. Mais valia que eles tivessem dormido uma boa sesta. Independente do horário que fosse.

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