Viajante, empreendedor digital especializado em gestão de projetos e futuro recordista mundial ao visitar os 196 países do mundo
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Recentemente finalizei a minha jornada que tinha como objetivo: visitar todos os 196 países do mundo. E será mesmo que em nenhum momento eu senti medo?
Por diversas vezes vivenciei situações de risco, adrenalina e, claro, o medo estava presente. Por exemplo, quando dormi dentro de uma gaiola nas ruas de Mali, país localizado na África Ocidental que vive uma realidade delicada devido aos conflitos internos.
Eu havia viajado 32 horas de ônibus da capital do Senegal, Dacar, para Mali e cheguei em torno de duas horas da manhã. A cidade estava sob toque de recolher e todo o comércio e os hotéis fechavam às 20h. A tal gaiola era o único lugar disponível para eu dormir e ficava em frente à garagem do ônibus que havia me deixado ali. Apesar do medo, eu aceitei, afinal, descansar naquelas condições, era o que estava ao meu alcance naquele momento.
Durante todas essas viagens, meu objetivo estava bem claro em minha mente e eu não poderia deixar de entrar em territórios em situação de guerra somente por conta disso. Eu sabia que teria que enfrentar o mundo como tal, mas com certeza também fazia parte do plano sair vivo de países como Rússia, Ucrânia, Níger, Burkina Faso, Congo, Chade, República Centro-Africana, Gabão e alguns outros.
O medo nos coloca em estado de alerta, e isso por si só é saudável. Ter encarado o desconhecido sem "um alguém para me salvar" foi libertador, acredito que me tornou mais responsável e me amadureceu em diversos aspectos. Foi uma ótima oportunidade para aprender mais sobre mim mesmo, assim como desenvolver novas habilidades.
Não existe medo maior ou menor. Eu, por exemplo, sempre tive muito medo de altura. Fiz terapia e não conseguia entender o porquê disso. E superei esse medo gradativamente, me permitindo encarar novas experiências pouco a pouco e remodelando o modo como eu enxergava o mundo. Esse processo não se deu de um dia para outro.
Fiz alguns encontros com Edel Pontes, especialista em desenvolvimento humano que colaborou muito para eu compreender melhor a dimensão do que eu sentia. Passo a passo, ele foi me ajudando a perceber as pequenas conquistas da minha parte, e isso foi me deixando mais confiante para avançar no que dizia respeito ao assunto "altura". A médio prazo, lá estava eu, com uma corda elástica amarrada na minha cintura e em um dado instante me perguntei: "Por que não pular do maior bungee jump do mundo?".
Assim sendo, voltei para a África do Sul com o propósito de saltar, e hoje noto que o meu cérebro diferencia melhor a diferença entre medo e fobia. Aprendi a interpretar a adrenalina de uma forma melhor, uma vez que às vezes essa "ansiedade" é apenas uma alegria de algo ótimo que está por vir.
Antes de iniciar esta viagem à volta do mundo, é óbvio que eu tive medo. Abrir mão da minha carreira, me despedir de amigos e familiares, bem como dar o famoso "primeiro passo"... Tudo isso para que depois, supostamente, tivesse que "voltar muitas casas" a fim de recomeçar a vida do zero caso algo desse bem errado.
Tudo isso era uma loucura, porque, ao voltar, vejo que esse medo também não era real. Com exceção da minha carreira profissional, a essência das coisas não mudam. Aqueles que nos amam continuam nos amando, e o nosso lar continua sendo o nosso lar.
Quando se quer, tudo é possível, não podemos deixar o medo nos prender, tampouco impedir a realização de sonhos.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters