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Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Desafio do momento é a questão da cibersegurança

Ataque ao Ministério da Saúde e a outras redes do governo foram amostra do que pode acontecer em 2022

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Fim de ano, época das listas de "melhores" e também de fazer previsões do que será importante no ano que está chegando.

No campo da tecnologia há turbulências no horizonte. Aliás, não dá para falar mais em "campo da tecnologia". Como a vida contemporânea tornou-se permeada e mediada por ferramentas técnicas, qualquer coisa que acontece nessa área afeta tudo mais.

A promessa do momento é com relação à chamada web 3.0. O termo indica uma descentralização ainda mais profunda da internet. O entusiasmo com a ideia é derivado do sucesso das criptomoedas. Elas acabaram construindo uma nova infraestrutura autônoma em cima da própria internet, na forma de várias e distintas blockchains.

Representação da criptmoeda Dogecoin; meio de pagamento tornou-se símbolo da web 3.0 - Reuters

A premissa é: se essa infraestrutura de blockchain pode ser utilizada para oferecer moedas virtuais, por que ela não pode também ser usada para oferecer todo o resto? Incluindo serviços de entrega de comida e mobilidade, identidades digitais, serviços bancários, de mídia e assim por diante.

Tudo sem um "centro", baseado em modelos de distribuídos de confiança.

A web 3.0 tem um potencial gigantesco, inclusive de gerar uma nova onda de disrupção para vários setores. No entanto, ela tem também a capacidade de gerar problemas enormes, mais complexos do que os que enfrentamos atualmente.

Essa é a divergência que tenho com a escritora Shoshana Zuboff. Ela enfatiza no seu livro "A Era do Capitalismo de Vigilância" os problemas que a centralização da internet nas mãos das big techs trazem. No entanto, o ponto cego é justamente os problemas que um movimento contrário de descentralização da internet pode trazer.

O mundo em que estamos é complexo. Vamos ter de enfrentar as implicações sociais tanto da centralização quando da descentralização, simultaneamente.

Já o desafio do momento é a questão da cibersegurança. O ataque ao Ministério da Saúde e a outras redes governamentais foram uma amostra do que pode acontecer no próximo ano.

Ataques digitais tornaram-se ferramenta política. Como sua autoria é praticamente impossível de ser estabelecida, podem facilmente ser usados para manipulação, causando campanhas de medo, incerteza e dúvida, e fazendo avançar agendas políticas tortas.

Nesse campo chama a atenção o fato de que o governo federal estar, desde 2019, reformando a moldura institucional da cibersegurança no país.

A principal mudança é concentrar poderes nas mãos do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI. O órgão tornou-se desde 2019 o coordenador efetivo e central de toda a política de cibersegurança do país. Os eventos das últimas semanas, em que as plataformas digitais do Ministério da Saúde ficaram foram do ar por mais de 13 dias, conjugados com ataques em infraestruturas críticas como da Polícia Federal, mostram que essa mudança falhou.

É princípio elementar que não se deve chamar poder para si se não se sabe o que fazer com ele. Em outras palavras, não se ergue um sabre em punho sem saber manuseá-lo.

Infelizmente a política de cibersegurança no Brasil falhou e seu arcabouço institucional precisa ser de novo reformado. A não ser que seja conveniente politicamente que o vexame dos últimos dias continue a se repetir nos próximos meses. Veremos. Feliz 2022!

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Já era Fazer planos para o ano novo contando com uma certa estabilidade
Já é Fazer planos para o ano novo contando uma margem de incerteza
Já vem Necessidade de esperar pelo inesperado

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