Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Os muitos passados do presente

O título de capital mundial da arquitetura foi dado ao Rio pela Unesco

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Os Arcos da Lapa, de 1750, convivem com toda espécie de estilos arquitetônicos no Rio - Lalo de Almeida - 5.nov.04/Folhapress

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O título de capital mundial da arquitetura conferido ao Rio na semana retrasada pela Unesco não se limita ao fato de que a cidade sediará em 2020 um congresso internacional sobre o assunto. 

É o reconhecimento de que o Rio está entre as cidades em que, ao se dobrar uma esquina, pode-se recuar 300 ou 400 anos no tempo. E o que antes parecia um defeito —estilos arquitetônicos que se sucederam sem que os anteriores fossem apagados— hoje é uma virtude. O presente e o futuro de uma cidade se fazem com seus muitos passados.

Mesmo com os abandonos, devastações e rombos de que continua a ser vítima, o Rio ainda é uma festa no tempo. Quando Joaquim Manoel de Macedo publicou “Memórias da Rua do Ouvidor”, em 1878, a rua do Ouvidor, aberta em 1578 como Desvio do Mar, já tinha 300 anos. Também do século 16 são a praça 15 e as ruas Primeiro de Março e Santa Luzia. Do século 17, as ruas da Conceição, Quitanda e São José, as praças Tiradentes e República. Do século 18, o Arco do Telles, a avenida Marechal Floriano, o Passeio Público, os Arcos da Lapa, a rua do Lavradio e toda a Lapa e Santa Teresa. O século 19 é covardia. As zonas norte e portuária foram urbanizadas, assim como o Flamengo, Botafogo, Laranjeiras, a Gávea e o Jardim Botânico, deixando Copacabana, Ipanema e Leblon para o século 20. 

Muitas das ruas citadas foram abertas com outros nomes, claro, e estão bastante transformadas. Mas a maioria mantém o espírito original e, às vezes, fileiras inteiras de construções da época. Em cada uma, há amostras dos estilos arquitetônicos com que nasceram: o colonial, o neoclássico, o eclético, o neocolonial, o art déco, o moderno e o contemporâneo. Dos Arcos ao Cristo e ao Museu do Amanhã, os 20 mil delegados do congresso terão muito que ver. 

Pena que, nesse período, o Rio ainda estará sob o descomando de Marcelo Crivella, seu pior administrador em 453 anos.
 

Erramos: o texto foi alterado

A cidade do Rio de Janeiro foi anunciada capital mundial da arquitetura pela Unesco na semana retrasada, não na passada, como foi incorretamente dito em versão anterior deste texto. 

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas