Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.
Mourão e Queiroz na folia
Marchinhas dos velhos Carnavais antecipam personagens de hoje
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
A quem não souber nem se lembrar, basta procurar no YouTube: “General da Banda”, com Blecaute. É uma batucada assinada por Sátiro de Melo, José Alcides e Tancredo Silva. Foi um estouro do Carnaval de 1949, interpretada pelo cantor Blecaute, pseudônimo do esfuziante Otávio Henrique de Oliveira (1919-1983). Blecaute lançaria outros heróis do Carnaval, como “O Pedreiro Waldemar”, a “Maria Candelária” e a “Maria Escandalosa”. Mas nenhum superaria o “General da Banda”. A letra dizia:
“Chegou o General da Banda, ê!... ê!.../ Chegou o General da Banda, ê!... á!.../ Chegou o General da Banda, ê!... ê!.../ Chegou o General da Banda, ê!... á!...// Mourão! Mourão!/ Vara madura que não cai/ Mourão! Mourão!/ Catuca por baixo que ele vai!”. A partir daí, o “General” tornou-se sua marca, e Blecaute era obrigado a cantá-lo em todos os Carnavais —tanto que sua roupa de palco passou a ser uma farda de lamê, com quepe, dragonas e alamares.
Não sei se Blecaute pôde continuar apresentando o “General da Banda” nos Carnavais pós-1964 —os generais da ditadura não deviam gostar. Em compensação, se estivesse aqui hoje, aposto que seria convidado a cantá-lo no Palácio do Jaburu pelo próprio vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. E, se houvesse oposição a isto, ela partiria de três paisanos, os juniores Bolsonaro, que não o engolem.
Nesse caso, eu sugeriria ao senador Flávio Bolsonaro que aprendesse outra marchinha, “Nós, os Carecas”, de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti, sucesso dos Anjos do Inferno em 1942. Poderia ensiná-la a seu ex-motorista Fabrício Queiroz —por acaso, careca.
“Nós/ Nós, os carecas/ Com as mulheres somos maiorais/ Pois na hora do aperto/ É dos carecas que elas gostam mais/ Nós, nós, nós/ [Bis]/ Não precisa ter vergonha/ Pode tirar o seu chapéu!/ Pra que cabelo?/ Pra quê, seu Queiroz/ Se agora a coisa está pra nós!”.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters