Siga a folha

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

O gênio a domicílio

Pelé foi o primeiro jogador internacional do futebol; nenhum atuou em tantos lugares antes dele

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Talvez o futebol deva ainda mais a Pelé do que tudo que se escreveu sobre ele desde sua morte na quinta última (29/12). Só o fato de os artigos estarem saindo em todos os países e línguas já devia nos alertar para um fato até agora pouco observado: o de que Pelé foi o primeiro jogador internacional do futebol.

Não há tese mais fácil de comprovar. Quem poderia ter sido antes dele? O brasileiro Friedenreich nos anos 1910? O espanhol Zamora nos anos 1920? O argentino Stábile, o tcheco Nejedlý, o italiano Meazza ou o brasileiro Leônidas nos anos 1930? O inglês Stanley Matthews, o uruguaio Schiaffino, o argentino Moreno ou os brasileiros Zizinho e Ademir nos anos 1940? O francês Kopa, o argentino Di Stéfano, o húngaro Puskás ou os brasileiros Garrincha e Didi nos anos 1950? Todos grandes, mas, pela lerdeza dos navios e dos primeiros aviões e também pela Segunda Guerra, foram jogadores pouco mais que nacionais.

Raro um deles atuar fora de seu continente. Di Stéfano era argentino, mas jogava no Real Madrid e nunca veio ao Rio. Zizinho só foi à Europa uma vez. Puskás veio ao Brasil em 1957 com o Honved, mas a nenhum outro país da América do Sul. Garrincha e Didi brilharam na Europa e viviam com o Botafogo na América Central, mas nunca chegaram perto do Oriente Médio, do Japão ou da África. Os outros, também não.

Entre 1960 e 1970, Pelé foi a todos esses lugares com o Santos. O mundo queria vê-lo. Passava tanto tempo em aviões quanto no gramado. Jogou nos cinco continentes, país por país, conquistou-os a todos e, já encerrada a carreira, foi catequizar o pior território do mundo para o futebol: os EUA. E conquistou-o também. Hoje, tanto os craques quanto os cabeças de bagre estão em toda parte pela internet. Pelé teve de levar seu gênio a domicílio.

Nenhum dos milionários "tetra" ou "penta" foi à sua despedida. Não fizeram falta. Pelé estava lá.

O jogador Pelé (Edson Arantes do Nascimento), do Santos, durante jogo contra o Esporte Clube Bahia, no estádio Fonte Nova, em Salvador (BA), em 1969 - Antônio Pirozzelli - 17.nov.69/Folhapress

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas