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Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

‘Getz/Gilberto’ sessentinha

Ouvido hoje, é quase inacreditável que esse disco tenha sido gravado em março de 1963 e não ontem

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Nos dias 18 e 19 de março de 1963, oito homens e duas mulheres reuniram-se num estúdio na rua 48 Oeste, em Nova York, e gravaram o, para muitos, maior disco da bossa nova. Ou o maior disco da bossa nova gravado fora do Brasil. Claro que, naqueles dois dias, não podiam saber que, 60 anos depois, em 2023, esse disco seria ouvido como se tivesse sido gravado ontem.

Eles eram o sax-tenor Stan Getz, 36 anos, uma lenda do jazz por seu lirismo ao instrumento e nem tanto pelo caráter ou falta de; o pianista e compositor Antonio Carlos Jobim, também 36 e no apogeu de seus muitos apogeus; o violonista e cantor João Gilberto, 32, genioso e genial por igual; o contrabaixista Tião Neto, 32, com seu swing e firmeza; e Milton Banana, 27, tão importante para a bateria da bossa nova quanto João Gilberto para o violão.

As duas mulheres eram Astrud, carioca nascida na Bahia, 23 anos dali a dez dias e casada com João Gilberto (só então se descobriu que ela cantava), e Monica Getz, 32, mulher de Stan e autora de uma respeitável façanha: resgatar João Gilberto de seu quarto no hotel Diplomat, na rua 43 Oeste, e convencê-lo diariamente a trocar o pijama pelo terno e ir com ela para o anexo do Carnegie Hall, onde se realizavam os ensaios para o disco.

Os outros três homens eram o engenheiro de gravação Phil Ramone, 29, dono do estúdio e, em breve, o maior nome do ramo —meses antes, gravara Marilyn Monroe cantando um orgasmático "Parabéns Pra Você" para John Kennedy no Madison Square Garden; o engenheiro de som Val Valentin, também 29, responsável pela incrível sonoridade do disco; e o produtor Creed Taylor, da Verve Records, 33 e já adorado pelos jazzistas por ter criado, em 1960, o selo Impulse!. E o repertório? "Garota de Ipanema", "Corcovado", "Doralice", "O Grande Amor", "Só Danço Samba" etc.

Nada de mais em tudo isso. Apenas o suficiente para produzir uma obra-prima.

Edição americana do LP “Getz/Gilberto” e fotos por David Zingg das sessões de gravação - Heloisa Seixas

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