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Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

Descrição de chapéu Olimpíadas 2024 basquete

Tá, podem chamar esse aí de Dream Team

Mas eu prefiro sonhar com o original, de 1988

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Em 1988, o Dream Team do basquete masculino americano, sensação de Barcelona, bateu o Brasil por 127 a 83. Em 2024, o Dream Team do basquete masculino americano, sensação de Paris, bateu o Brasil por 122 a 87.

Até o placar ficou meio parecido. Mas esse Dream Team, versão 9.0 ou algo que o valha, não chega aos pés do Dream Team 1.0, na insignificante opinião deste escriba, em momento pouco humilde.

Para falar a verdade, até outro dia eu era contra o uso da alcunha para a equipe de 2024. Imagino que partilhava da opinião do querido vizinho de coluna, o basqueteiro Juca Kfouri.

Bruno Caboclo e Jayson Tatum no jogo na Arena Bercy - AFP

No entanto, repensei. Talvez estivesse apenas sendo um pouco intolerante com as novas gerações, ou meio cringe. Sei lá. Claro, os mais novos, com poucas Olimpíadas na memória, podem chamar uma equipe formada por Lebron James, Stephen Curry e Kevin Durant de Dream Team.

Só não queiram comparar, por favor. Cada geração que fique com o seu time dos sonhos, e o meu era muito melhor. Afinal, quem está escrevendo sou eu.

O Dream Team original era liderado pelo melhor jogador do planeta no auge da forma, Michael Jordan. Tinha como escudeiros Magic Johnson —saído de uma precoce aposentadoria apenas para disputar a Olimpíada de Barcelona, mas ainda mágico— e Larry Bird, já sem o vigor dos anos 1980, mas ainda infalível com o arremesso de três pontos da zona morta.

James, Durant e Curry estão longe dos melhores momentos que já tiveram em uma quadra de basquete, todos eles. Mas eles têm Anthony Edwards, que outro dia tirou onda contra Durant, nos playoffs, para depois chamá-lo de ídolo; Jayson Tatum, campeão com o Boston Celtics, mas não convocaram Jaylen Brown, MVP das finais; Anthony Davis, escudeiro de Lebron; Joel Embiid, o camaronês que rejeitou a seleção francesa, entre outros.

Assim como Jordan, Johnson e Bird tiveram Scott Pippen, fiel escudeiro de MJ no Chicago Bulls; Karl Malone e John Stockton, a eficiente dupla do Utah Jazz; David Robinson, Patrick Ewing, Charles Barkley, entre outros.

Lance de Brasil 87 x 122 EUA, na Arena Bercy - AFP

Mas há dois pontos difíceis de serem contestados até pelos defensores do time de 2024. Primeiro, já mencionado, Jordan, o líder nato do time, estava de fato no seu esplendor físico e técnico; Lebron, apesar dos números ainda constantes, não é o mesmo de outros ciclos olímpicos.

Segundo, os melhores jogadores do mundo eram americanos em 1992, raro uma exceção da ex-Iugoslávia ali, uma da ex-União Soviética acolá, um Oscar Schmidt no Brasil.

Hoje, a própria NBA aponta como melhor jogador da atualidade um sérvio, Nikola Jokic, do Denver Nuggets. E o quinteto ideal da última temporada —também divulgado pela liga americana— tinha, além de Jokic, Luka Doncic (esloveno), Giannis Antetokounmpo (grego), Gilgeous-Alexander (canadense) e Tatum, do Boston e, este sim, o único americano.

Espalhados, eles podem não ter o apoio necessário para derrubar a seleção americana. Canadá e Grécia já caíram. A Eslovênia nem conseguiu a vaga. E provavelmente os americanos vão querer tirar uma casquinha do MVP Jokic na semifinal contra a Sérvia. Mas não duvidaria se os europeus engrossassem o jogo. Contra Jordan e companhia, não dava para os outros brincarem.

Draymond Green, triple-double em língua afiada, jogou uma pimenta ao dizer que esse time venceria tranquilamente uma série de sete jogos contra a equipe de 1992. Permita-me discordar.

Em Paris, a lógica continua a favor do novo Dream Team e o ouro está perto da seleção americana. Mas com esse time eu não sonho, me desculpem, podem ficar com ele. Prefiro sonhar com o original.

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