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Cientista política, astrofísica e deputada federal por São Paulo. Formada em Harvard, criou o Mapa Educação e é cofundadora do Movimento Acredito.

Textão não tira do paredão

Manifestos são importantes, mas a criação de uma Frente Ampla pela Democracia demanda ações concretas

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Não é possível fazer frente a governos populistas e autoritários sem uma ampla coalizão pró-democracia. Essa não é mais uma frase vazia, mas a conclusão dos cientistas políticos Steven Levitsky e Daniel Ziblatt em seu livro "Como as Democracias Morrem", no qual analisam o que deu errado em países cuja democracia sucumbiu pelas ações de líderes eleitos, como a Turquia, a Rússia e a Venezuela.

Conforme os avanços autoritários de Bolsonaro ficam mais evidentes, mais consenso há sobre a necessidade de criarmos uma Frente Ampla capaz de vencer seu autoritarismo. Na semana passada, seis presidenciáveis deram um importante passo ao assinar um manifesto pela consciência democrática.
Contudo, frente ao desafio que enfrentamos como país, ainda é pouco. A própria desconsideração de nomes da esquerda vai de encontro a um ensinamento importante deixado por Levitsky e Ziblatt. Coalizões efetivas são forjadas com adversários políticos, não apenas com aliados.

A sociedade não será convencida do atual perigo enquanto não vir a união entre grupos, até então, opostos. Isso significa que empresários, sindicalistas, evangélicos, umbandistas, progressistas, conservadores, entre muitos outros, terão que fazer concessões difíceis, deixando, ainda que temporariamente, algumas de suas bandeiras de lado para se ancorar numa defesa comum da nossa democracia.

Recorro também a Yascha Mounk, que escreveu "O Povo contra a Democracia", para mais uma lição, considerada pelo próprio autor a mais importante. O autoritarismo só será derrotado se os seus opositores mostrarem que estão comprometidos com mudanças estruturais, e não com o status quo.
Isso não significa replicar o populismo, mas reconhecer que há problemas graves que requerem respostas factíveis, porém audaciosas. O combate à desigualdade, a criação de condições favoráveis à geração de emprego e renda e a melhoria da qualidade dos serviços públicos são alguns exemplos.

Por último, é preciso que os manifestos se traduzam em ações concretas. Se a briga por espaço, dentro da esquerda ou da direita, for maior que o desejo de tirar Bolsonaro do poder, em pouco tempo já não haverá mais espaço institucional a ser disputado.

Há uma frase, dita pelo apresentador do BBB Tiago Leifert, que pode ser aplicada ao nosso contexto político: "Textão não tira do paredão". Para garantir a sobrevivência da nossa democracia, indivíduos terão que deixar o ego de lado e abrir mão de espaço e poder. Temos muitos meses para 2022, o que significa que ainda há um caminho. Que o Brasil, ao menos desta vez, seja posto acima de interesses individuais.

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