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Custa caro ser vegano?

Quem decretou que o veganismo é elitista nunca aproveitou uma xepa

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Veganismo é coisa de quem tem muito dinheiro. De blogueiras que iniciam o dia com shot de cúrcuma após 18 horas de jejum.

De farialimers que pedem sushi de “salmão do futuro” —à base de ervilha, e não de peixe— na hora do almoço, tomam shake de proteína de cânhamo na hora do “break”, e à noite comem queijo quente de castanha trufada no pão de fermentação natural, com uma taça de vinho biodinâmico.

Basta evocar duas palavras para perceber o quanto as afirmações acima são falaciosas. Primeira palavra: arroz. Segunda: feijão. Uma combinação cara, ou melhor, barata, a qualquer brasileiro. Inclusive aos veganos.

Quem usa como argumento o poder aquisitivo para seguir uma dieta à base de bichos ficaria surpreso ao perceber que o que custa caro, na maioria das vezes, não é o que um vegano coloca em seu prato, mas aquilo que deixa de fora dele.

Sugestão de prato feito vegano, por Luisa Mafei - Luisa Mafei

Vire vegano, cozinhe em casa e poupe dinheiro. Não pule a etapa do “cozinhe em casa” que funciona, viu?

Hortícolas como a batata, a abóbora, a mandioca, o inhame, o quiabo e a couve —para listar apenas cinco das inúmeras opções— são infinitamente mais acessíveis do que um pedaço de bife.

Um quilo de contrafilé não sai por menos de R$ 40, enquanto um quilo de abobrinha não custará muito mais do que R$ 2.

Imagina quantos espetinhos o churrasqueiro do presidente não poderia ter feito com R$ 1.799.

E a proteína? Não vai ser trocando o bife por abobrinha que vamos garantir o macronutriente mais superestimado da atualidade. As imitações de carne 100% vegetal já foram apontadas como o futuro da alimentação humana, mas para além do preço —que beira os R$ 80 por quilo— são alimentos ultraprocessados.

Substituir o abate pelo laboratório é uma alternativa para comer livre de crueldade, mas não é a opção mais econômica, nem a mais saudável.

O que comer, então?

Tudo aquilo que tiver casca, e não pele: vegetais, frutas, sementes, castanhas, cereais, leguminosas.

Arroz e feijão, não importa quem vai por cima, quem vai por baixo —se os dois estiverem no prato, teremos a tão desejada proteína a partir da combinação dos aminoácidos de uma fonte de cereal (arroz) com os aminoácidos de uma fonte de leguminosa (feijão).

O reino vegetal está longe de ser entediante e não é necessário ser um engenheiro alimentar para cozinhar com plantas. Quem tem cozinha em casa não precisa de laboratórios para ter uma alimentação “plant-based”.

Descascar mais, desembalar menos. Deixar a obsessão de substituir a carne ceder espaço para a curiosidade em aprender a preparar vegetais. Provavelmente quem decretou que o veganismo é elitista nunca aproveitou uma xepa na vida.

Fácil falar quando se é uma pessoa privilegiada como eu, verdade. Por isso, deixo indicado o perfil de instagram dos irmãos do Vegano Periférico (Leonardo e Eduardo Santos), da Favela Orgânica (Regina Tchelly) e da Thallita Flor (Thalita Xavier). Essas pessoas compartilham diariamente o veganismo popular, que defende, entre outras coisas, uma alimentação que nos aproxima da terra e que é acessível a todos.

Eu, que nunca tive meu acesso à comida limitado por questões financeiras, posso dizer que desde que virei vegana comecei a economizar significativamente. A maior parte da minha alimentação vem da feira, um local que oferece, convenhamos, alimentos mais baratos que o açougue.

Para tentar não ser hipócrita, nem injusta: eventualmente, eu como “carnes” vegetais processadas em laboratórios. Embora nunca as tenha comprado para preparar em casa, já agradeci por ter encontrado essa opção em restaurantes, ou no churrasco de um amigo que se preocupou com o que colocaria na grelha para o casal vegano.

Naquela ocasião, obviamente pré-pandêmica, não joguei a linguiça vegetal no chão e disse “isso não é comida”. Controlei o impulso e, no churrasco seguinte, tratei de levar minhas abobrinhas.

Marinadas no limão, melado e shoyu, assadas com alho, cebola, pimentão e pedacinhos de tofu, foram devoradas não apenas por mim, mas também pelos amigos mais carnistas.


Aprenda a preparar um prato feito vegano (Hack 8 de 10)

Arroz integral, feijão, vinagrete, farofa, couve e abacaxi grelhado, um prato feito de plantas e de referências que conhecemos.

Demorou para eu entender como pode ser simples preparar uma refeição vegana com tudo aquilo que eu preciso, mas, depois que aprendi, foi um caminho sem volta.

O PF vegano de cada dia é composto por:

  • Uma fonte de cereal: arroz, painço, quinoa, trigo, trigo sarraceno e demais cereais.
  • Uma fonte de leguminosa: feijão carioca, feijão preto, feijão branco, feijão fradinho, grão de bico, lentilha, ervilha, soja e demais leguminosas.
  • Hortaliças: batata, batata doce, mandioca, abóbora, abobrinha, couve-flor, brócolis, beterraba; folhas para a salada como o alface, a rúcula e o agrião; folhas de refogar como a couve e o espinafre. A lista é imensa!
  • Uma fonte de vitamina C: limão, laranja, abacaxi e outras frutas; vegetais como a cenoura e pimentão amarelo. A vitamina C ajuda na absorção do ferro das folhas verdes escuras e do feijão, por exemplo.

Dica para o abacaxi grelhado: deixe a frigideira bem quente antes de grelhar e espalhe um pouco de sal na fruta. Adicione um fio de azeite na frigideira e grelhe o abacaxi de ambos os lados. Quando ficar douradinho, acrescente um fio de melado e grelhe por mais um minuto de cada lado. Fica suculento e é uma boa substituição afetiva para a carne.

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