Deixar o amendoim de molho, bater com água e espremer o leite com um pano de prato. Quem já fez esse processo há de concordar que tem algo de emocionante em extrair um leite sem pegar em tetas.

Por falar nelas: há quem diga que é equivocado chamar de leite um líquido que não foi produzido por glândulas mamárias. Ora, aquilo que extraímos do coco e usamos no preparo de manjares, moquecas e canjicas é o quê? Leite, de coco.

Optar pelos leites vegetais em vez do de vaca talvez seja uma das substituições mais simples de ser feita quando o assunto é reduzir o consumo dos produtos de origem animal. Num momento em que a crise climática ganhou concretude e urgência, essa substituição deveria virar política pública, com incentivos fiscais aos produtores de leites vegetais.

Imagina só se o litro do leite de amendoim saísse pelo mesmo preço que o de vaca, ou se fosse ainda mais barato? Um preço acessível, aliado a uma campanha educativa para difundir o leite de amendoim —não seria um ótimo estímulo para que a população optasse pela alternativa vegetal?

A agropecuária é responsável por 37% das emissões de metano. Mais amendoins no campo, menos metano na atmosfera. Uma boa medida para se atingir a meta de reduzir as emissões deste gás em 30% até 2030, definida recentemente na COP-26 e assinada por mais de cem países, inclusive pelo Brasil.

O país é o quinto maior emissor de metano, gás que tem sido cada vez mais colocado em pauta na agenda climática pelo seu potencial de aquecimento global 34 vezes maior que o do gás carbono.

As opções de leites vegetais vão muito além do amendoim, e, se esse fruto seco foi tão evocado até agora, é para não cairmos no risco de achar que as alternativas vegetais são muito caras e inacessíveis.

Elas podem ser, se comprarmos amêndoas e macadâmias. Mas podem ser mais baratas do que o leite de vaca, sobretudo com políticas públicas de incentivo à sua produção e consumo.

Comprar o leite vegetal pronto para beber ainda é uma alternativa um pouco salgada, mas podemos prepará-lo em casa sem muito trabalho e congelar para ter sempre.

Enquanto os governantes seguem tomando seu café com leite de vaca em plena COP26, vamos lá, quem puder, experimentar o vegetal?

Como preparar leite vegetal em casa

Há diversas opções na hora de escolher os ingredientes, mas hoje vamos optar pelos mais práticos e econômicos: amendoim, sementes de girassol e aveia em flocos.

Qualquer outra oleaginosa pode ser utilizada no lugar do amendoim ou das sementes de girassol, porém, no caso de eleger as amêndoas, a avelã, a castanha de caju ou do castanha do pará e as nozes, o custo por litro aumentará.

LEITE DE AMENDOIM OU DE SEMENTE DE GIRASSOL

INGREDIENTES

1 xícara de amendoim, ou de sementes de girassol.

2 xícaras de água.

PREPARO

1. Deixe a oleaginosa de molho na água por pelo menos 6 horas. Isso facilita na hora de bater e de liberar a gordura, além de reduzir a ação do fitato, antinutriente presente na casca das oleaginosas.
2. Descarte a água do molho, acrescente água e bata por 2 minutos. Coe com a ajuda de um voal, coador de pano ou de um pano de prato.

E o que fazer com o resíduo? Um reaproveitamento prático e saboroso é a ricota temperada. Adiciona-se ao resíduo do leite cebola picadinha, salsa ou outra erva fresca, tomate aos cubinhos, orégano, azeite e sal. Mistura-se e está pronto para servir com pão ou nas saladas. Uma delícia!

LEITE DE AVEIA

INGREDIENTES​

3/4 de xícara de aveia em flocos (finos ou grossos).

1 litro de água morna.

PREPARO

1. Bata a aveia e a água durante 2 minutos. Em seguida, passe pelo voal, coador de pano ou pano de prato.

Tem pessoas que bebem esse leite sem coar, porque o resíduo que ele gera é mínimo.

HIGIENIZAÇÃO E ARMAZENAMENTO

Os leites vegetais podem ser armazenados na geladeira durante quatro dias, ou congelados por três meses. O ideal é armazenar em recipientes higienizados com álcool, ou em garrafas de vidro fervidas com água. Outra ótima opção para congelar pequenas porções -para beber com o café, por exemplo- são as forminhas de gelo.