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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Seleção inicia Eliminatórias com dilemas parecidos aos da Copa de 2018

Equipe de Tite enfrenta a fraquíssima Bolívia nesta sexta (9), em São Paulo

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Na sexta-feira (9), o Brasil, em casa, contra a fraquíssima Bolívia, estreia nas Eliminatórias para a Copa de 2022. A seleção brasileira continua com dilemas parecidos aos que tinha no Mundial de 2018, especialmente nas definições das posições e funções de Neymar e Coutinho.

Nas Eliminatórias para a Copa de 2018, Coutinho atuou pela direita, entrando pelo meio, como faz Everton Ribeiro no Flamengo. No Mundial, atuou como um armador, em um trio no meio-campo. Tinha de marcar como um volante e avançar como um meia. Não tinha característica e força física para tanto. Não fez bem uma coisa nem outra. No Barcelona, Coutinho tem jogado pelo centro, mais à frente, ao lado de Messi, já que time não tem centroavante. Assim, atua melhor.

O posicionamento de Coutinho, se ele for o titular, vai depender do de Neymar. O craque do time pode atuar da esquerda para o centro, como faz na maioria das vezes, ou como um segundo atacante, ponta de lança, próximo do centroavante Firmino.

Não gosto de ver Neymar recuado, voltando para receber a bola na próprio campo, como muitas vezes joga no PSG. Além de ficar longe do gol, corre o risco de tentar driblar e perder a bola, com a defesa desprotegida.

Preocupa-me muito como estarão Daniel Alves e Thiago Silva na Copa de 2022. Há poucas chances de Daniel Alves estar em forma. Não há um bom substituto. Thiago Silva continua muito bem, mas não é certeza daqui dois anos. Há bons zagueiros, além de Marquinhos, mas nenhum com o talento de Thiago Silva.

Marcelo está praticamente fora da seleção, já que não tem sido titular nem do Real Madrid. Tite também não gostou de sua atuação na Copa de 2018, embora o problema principal não tenha sido o lateral, e sim a falta de proteção pelo lado esquerdo, já que Coutinho não marcava e Neymar não voltava –nem deveria– ao próprio campo. Renan Lodi é o mais cotado para ocupar a posição de Marcelo. É um excelente lateral, mas longe do nível dos melhores momentos de Marcelo.

Quem deve jogar no ataque, pela direita, já que o titular, Gabriel Jesus, que foi muito bem na Copa América, está contundido? Pode ser Richarlison, que tem força física para marcar, atacar e ainda fazer dupla com Firmino. Outra opção seria Everton Ribeiro ou Coutinho, mais como armadores pela direita, além do jovem Rodrygo, do Real Madrid, que atua mais aberto.

Gostaria de ver a seleção mais agressiva, marcando por pressão a maior parte do jogo, tentando recuperar a bola mais perto do gol adversário, como o Atlético, com Sampaoli, o Flamengo, com Jorge Jesus, o Liverpool, com Klopp, o Manchester City, com Guardiola, e outras poucas equipes. Tite, por suas declarações, parece gostar desse caminho, mas continua com o freio de mão puxado.

Neymar durante treino de terça-feira (6) da seleção brasileira na Granja Comary - Luvas Figueiredo/Reuters

A seleção e o futebol brasileiro são o reflexo da nossa sociedade, injusta, egoísta e com enormes diferenças sociais. Formam-se muitos meias e atacantes dribladores, individualistas, ávidos pelo sucesso, que querem chegar rapidamente ao gol. São os mais valorizados, endeusados, por qualquer belo momento.

Por outro lado, não há um excepcional meio-campista, que jogue de uma intermediária à outra, construtor, com precisos passes, símbolo do jogo coletivo. São pouco valorizados. Com isso, há poucos garotos tentando jogar dessa forma.

As grandes equipes precisam do passe e do drible, do jogo mais cadenciado e do mais rápido, do individual e do coletivo, da ambição e da razão.

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