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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro 2020

Na violência da torcida e nas aglomerações, responsabilidade é jogada para o grupo

Nenhuma queda técnica justifica o absurdo atentado sofrido pelo São Paulo

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Os treinadores, superdimensionados nas vitórias e nas derrotas, reclamam, com frequência, dos analistas, que fazem muitas críticas nos maus resultados. Eles deveriam também dizer que os analistas costumam ser muito generosos nas vitórias.

Na última semana, entre as dezenas de razões apontadas para a queda do São Paulo, a mais racional é a de que o time estava em uma posição surpreendente, sete pontos acima do vice-líder. Em um campeonato tão equilibrado, as vitórias estão muito perto dos empates e das derrotas. Um erro técnico, um descuido, uma soberba ou uma dor de cotovelo faz despencar os resultados e a qualidade das atuações.

No fim do primeiro turno, escrevi que o Bragantino, dirigido por Barbieri, muito mal colocado na tabela, era o time com o melhor desempenho em relação aos resultados. No segundo turno, o Bragantino só fez menos pontos que o Inter. A equipe já era boa. Detalhes mudaram os resultados.

Evidentemente, há sempre muitos erros técnicos, táticos, individuais e coletivos dos treinadores e dos jogadores. Fernando Diniz não pode escalar Daniel Alves de segundo atacante, de costas para o gol, ou de armador pela esquerda, aberto, nem o volante Luan na posição de zagueiro. O técnico não deveria insistir também em sempre exigir troca de passes na saída de bola do goleiro, ainda mais quando o adversário pressiona com eficiência.

Nenhuma queda técnica justifica o absurdo atentado de torcedores ao apedrejarem o ônibus que conduzia os jogadores do São Paulo. Alguns torcedores, que nunca seriam agressivos, sentem-se protegidos pelo grupo, ainda mais quando há um líder marginal para estimulá-los. Perdem o controle emocional e não se sentem responsáveis pelas agressões. O responsável passa a ser o grupo.

Algo parecido ocorre nas aglomerações, durante a epidemia. A responsabilidade passa a ser do grupo, e os indivíduos acham que não ficarão doentes.

Furos na lataria do ônibus da delegação são-paulina, atacada por torcedores - Marcello Zambrana/AGIF

Rogério Ceni continua instável, sem saber se tenta repetir a maneira de jogar da época de Jorge Jesus ou se tenta jogar como gosta, como atuava o Fortaleza, com dois atacantes abertos pelos lados, que marcavam e atacavam. Não faz uma coisa nem outra. A escalação de Vitinho, desde o início da partida, em vez da de Pedro, e a entrada de Pedro, durante o jogo, com a saída de Gabigol, é um retrato dessa instabilidade do treinador.

Já Abel Braga tem sido, merecidamente, bastante elogiado. Mas, por causa do equilíbrio, tudo é incerto. O Inter marca muito forte, com cinco jogadores na proteção dos defensores (um volante centralizado e mais recuado, dois meio-campistas e um jogador de cada lado), e, quando recupera a bola, avança com velocidade, com uma transição rápida, também com cinco jogadores (um centroavante, dois meio-campistas e dois pontas).

Nesta terça (25), o Atlético-MG enfrentou os reservas do Santos. Além da agitação, que não ajuda em nada, o técnico Sampaoli tem sido muito criticado por trocar demais o esquema tático e as posições e funções dos jogadores.

No futebol moderno, os atletas trocam muito de posição, mas isso é muito mais importante durante o jogo. Um volante, quando avança, precisa saber jogar como um atacante, finalizar bem. Já as mudanças de função, desde o início da partida, são perigosas. Costumam dar errado.

Todo atleta precisa encontrar seu lugar de preferência, de referência, sua identidade em campo, onde se sente mais bem acolhido e mais à vontade para exercer o talento.

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