Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.
Os dogmas estão em desuso
Times alternam modo de jogar até mesmo durante uma partida
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O futebol, do presente e do futuro, alterna a maneira de jogar, a cada dia mais, entre uma partida e outra ou até em um mesmo jogo, de acordo com o momento. Os dogmas e as repetições em excesso prejudicam a criatividade e a capacidade de surpreender.
Na brilhante vitória do Barcelona sobre o Real Madrid, por 3 a 1, na decisão da Supercopa da Espanha, o técnico Xavi surpreendeu ao escalar um quarto jogador do meio-campo no lugar de um ponta rápido e driblador, que esteve sempre presente em todos os outros jogos. O time trocou mais passes, teve mais a bola e ficou mais agressivo e ofensivo.
O fato me lembra a eliminação do Brasil na Copa. Enquanto a Croácia tinha um trio no meio-campo, Casemiro ficou sozinho no setor, já que a equipe atacava com dois pontas abertos, Richarlison, Neymar e mais o meia Paquetá.
Há várias maneiras de organizar o meio-campo. Enquanto o Fluminense, dirigido por Fernando Diniz, aproxima os jogadores para ficar com a bola e envolver o adversário, o São Paulo, comandado por Rogério Ceni, tem pressa de chegar ao gol, com tentativas de jogadas em velocidade, sem dar certo. Rogério gosta mais da estratégia que da qualidade. Um time pode ter as duas alternativas em um mesmo jogo.
Vítor Pereira, na estreia pelo Flamengo, mudou o posicionamento do meio-campo. Em vez de ter um volante centralizado, um meio-campista de cada lado e Arrascaeta na ponta do losango, próximo aos dois atacantes, o técnico escalou dois jogadores no meio-campo, Arrascaeta pela esquerda e Éverton Ribeiro pela direita. Os dois iam para o meio para construir as jogadas. Como acontecia com Dorival Júnior, não há pontas abertos, que atacam e defendem, a não ser quando entram Everton Cebolinha por um lado e Marinho pelo outro.
Vítor Pereira, assim como Dorival Júnior, Tite e tantos treinadores espalhados pelo mundo, adora a presença de dois pontas que atacam e defendem, mas, obviamente, sabe que melhor que a estratégia é ter dois jogadores com grande talento, como Éverton Ribeiro e Arrascaeta.
Atlético e Corinthians têm dois técnicos recentemente contratados. O torcedor do Atlético, antes de o time jogar, já está fascinado com Coudet, que gosta de times intensos, aguerridos e de transição rápida. Daí a contratação de Edenílson, que, em uma fração de segundo, sai de uma área à outra.
Já o Corinthians tem um técnico novíssimo, Fernando Lázaro, que adquiriu grande conhecimento científico durante o longo tempo em que foi analista de estatísticas e auxiliar da comissão técnica do Corinthians e da seleção brasileira. Ao ver Fernando Lázaro, me lembro do pai dele, Zé Maria, companheiro na seleção brasileira e ídolo do Corinthians. Os dois se parecem, são tímidos, calmos, retraídos. Tudo indica que serão também muito parecidos na enorme seriedade profissional.
O Palmeiras perdeu dois titulares importantes, Danilo e Scarpa, excepcional nos cruzamentos. Há bons reservas no elenco, como Raphael Veiga. O torcedor não deveria pressionar e coagir a diretoria para contratar jogadores. Os clubes brasileiros, com frequência, gastam demais e contratam mal.
Ainda é cedo para analisar o jovem Endrick. Porém, fiquei preocupado com o posicionamento dele, muito fixo, de costas para o gol e muito próximo aos zagueiros, como um clássico centroavante. Ele vai precisar de mais espaço para usar a incrível velocidade e o enorme talento.
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