Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Corre muito e pensa pouco

Cada jogador precisa encontrar o melhor lugar para jogar

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Neste início de temporada, de grandes contratações e de saídas de jogadores, é preciso separar os que chegam para ser reforços e para melhorar a qualidade das equipes, como Pedro Raul, no Vasco, Wesley, no Cruzeiro, Suárez, no Grêmio, Edenilson, no Atlético, e Keno, no Fluminense, dos que são bons, mas sabendo que já há outros do mesmo nível na posição, como Gerson, no Flamengo, e dos que são contratados apenas para compor o elenco. Evidentemente, sempre haverá surpresas.

Apresentação do uruguaio Luis Suárez, na Arena do Grêmio - Diego Vara - 4.jan.2023/Reuters

O Atlético perdeu Keno, ótimo jogador, mas contratou Paulinho, do mesmo nível, ex-Vasco, que jogava na Alemanha e foi campeão olímpico. O Cruzeiro levou alguns bons jogadores para o atual nível do elenco, mas perdeu o centroavante Edu. Suárez foi um dos grandes atacantes do futebol mundial, mas a expectativa pode ser muito maior que a realidade, por causa da idade, do declínio técnico e do altíssimo custo para contratá-lo.

Os técnicos brasileiros adoram a contratação de atletas hábeis, dribladores, velozes, atacantes, especialmente os que jogam pelos lados, mas raramente procuram ótimos meio-campistas, organizadores, que jogam de uma intermediária à outra. Os dois são importantes. Os jovens, desde as categorias de base, sabem que quem joga no ataque é mais valorizado e procuram se adaptar àquela posição. O futebol brasileiro corre muito, mas pensa pouco e possui pouca lucidez nas decisões técnicas.

Os treinadores gostam demais dos que atuam em mais de uma posição. Isso é bom, mas é preciso separar os que começam as partidas em mais de uma posição dos que são capazes de, no momento certo, durante o jogo, exercer outras funções, como um volante que avança, entra na área e finaliza bem. Estes são os mais importantes.

Cada jogador precisa encontrar o melhor lugar para jogar. Messi, quando começou a atuar na equipe principal do Barcelona, era um ponta direita que driblava para o meio, como tantos espalhados pelo mundo. Tornou-se um fenômeno quando passou a jogar mais livre, movimentando-se pelo centro e pelos lados, da intermediária para o gol, onde dá passes decisivos magistrais e finaliza com extraordinária precisão.

Cristiano Ronaldo era um ótimo ponta-esquerda no Manchester United, que entrava para o meio para finalizar e ainda voltava para marcar. Tornou-se excepcional, um fenômeno, quando, no Real Madrid, passou a jogar mais pelo centro, formando dupla com Benzema. Neymar brilhou intensamente no Santos e no Barcelona jogando da esquerda para o meio, onde executava, com precisão, todos os fundamentos técnicos. Na seleção e no PSG, passou a jogar mais recuado e pelo meio, como um armador, onde é mais fácil marcá-lo, além de ficar longe do gol.

Espero que Vítor Pereira, dissimulado ao tentar justificar a saída do Corinthians para o Flamengo, escale os jogadores para os lugares certos, que não faça igual ao outro português, Paulo Sousa.

Se Pelé chegasse hoje, com 15 anos, a um clube brasileiro, será que um técnico moderno o escalaria na ponta, como um centroavante ou como um meia recuado? São raras as equipes do Brasil e do mundo que jogam com uma dupla de atacantes pelo centro. Pelé era um ponta de lança, segundo atacante, próximo a um centroavante.

Na vida e no futebol, além da garra e do conhecimento científico, que são fatores essenciais para se fazer bem qualquer coisa, cada um tem de encontrar o aconchego e o melhor lugar para atingir o esplendor técnico.

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