Durante a COP27, em 2022, no Egito, o presidente Lula afirmou que o governo tem a "obrigação moral e ética de fazer reparação pelo o que foi causado aos povos indígenas".

Hoje, milhares de pessoas começam a se reunir em Belém para a Cúpula da Amazônia, inclusive quase 1.000 indígenas de todos os países da região. Debateremos soluções para a proteção da floresta, a defesa dos direitos indígenas e o desenvolvimento sustentável para que "ninguém fique para trás", como diz o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

Após quatro anos de terror durante o governo Bolsonaro, nós, povos indígenas, queremos garantia de voz e voto para decidir o futuro da floresta. Por isso, eu me somo a uma Declaração dos Povos pela Amazônia para mostrar aos presidentes que somos muitos e que estamos atentos às decisões que eles tomarão nos próximos dias.

Os cientistas e a sociedade civil nos alertam que a Amazônia está prestes a um ponto de não retorno, algo que nós indígenas temos afirmado há muito mais tempo. Se desmatarmos mais do que a floresta suporta, ela pode entrar em colapso. Para evitar isto, precisamos proteger ao menos 80% da Amazônia. Não em 2030, muito menos 2050. Mas agora. Esta precisa ser a prioridade dos líderes reunidos em Belém.

Para atingir esse objetivo, um importante resultado da cúpula é garantir a demarcação total dos nossos territórios. Os povos originários sabem como ninguém manejar sustentavelmente a floresta. Mas, se continuarmos a sermos ameaçados, atacados, expulsos de nossos territórios e mortos, a Amazônia não ficará de pé. Não há um futuro da Amazônia sem nós.

A declaração política desta cúpula precisa reconhecer o ponto de não retorno e assumir um compromisso ambicioso de proteção, colocando os povos indígenas no centro. Presidente Lula, por favor concretize sua promessa de reparação com nossos povos já.