Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí

Belém é maquiada como cartão postal sustentável que não é real

A população, antes esperançosa, agora produz memes para que suas ruas sejam inseridas no Polígono COP-30

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A capital do Pará, segundo maior estado do país e o mais povoado da região Norte, foi escolhida como sede da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30) que acontecerá em 2025. Desde o anúncio oficial de que Belém sediará a conferência, foram anunciadas articulações e planejamentos para as intervenções na cidade.

A promessa era que a realização do evento deixaria um legado para o local, com mudanças que impactariam a vida dos habitantes, com propostas sobre reurbanização de diversas áreas, requalificação de vias, mudanças no transporte público, construção e adaptação de novas áreas de convivência, lazer e turismo e profundas intervenções em pontos da cidade que receberão uma maior movimentação de turistas e participantes da maior conferência do clima. No entanto, não é bem isso que vem sentindo a capital paraense.

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Lixo a céu aberto na comunidade de Vila da Barca, em Belém (PA), capital com piores índices de saneamento do Brasil - Pedro Ladeira - 11.set.19/Folhapress

Durante os próximos dias acontece o "Diálogos Amazônicos", organizado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, que antecede à Cúpula da Amazônia, que reunirá chefes de Estado dos nove países onde se encontra a maior floresta tropical do mundo. O evento mostra que as mudanças prometidas estão longe de transformar o abismo socioambiental de Belém.

A população, antes esperançosa, agora produz memes para que suas ruas sejam inseridas no Polígono COP-30, área que compreende os pontos nos quais o evento vai acontecer (área nobre que concentra os imóveis mais valorizados da cidade e que vem recebendo as transformações prometidas).

O polígono isola aqueles mais impactados por quem mais precisa de justiça climática no local: os 83% da população que não tem acesso a saneamento básico;e os 15% da população que não tem coleta de lixo.

Durante a realização do "Diálogos" já não se encontra mais hospedagem. Como então a capital receberá milhares de pessoas de todo o mundo? A resposta para esse questionamento não pode ser a expulsão da população ribeirinha que resiste a uma Belém cada dia mais cheia de prédios, pois um dos projetos prevê a dragagem do rio, na Baía do Guajará, para receber transatlânticos que serviriam de hotéis aos participantes.

A cidade parece estar sendo maquiada para mostrar um cartão postal sustentável que não é real, ao invés de dialogar com os moradores, que parecem não entender bem que, na verdade, este evento diz respeito às suas vidas e ao racismo ambiental sofrido por eles até quando são anfitriões da maior conferência do clima.

De fato, o evento foi tomado pelas grandes corporações, como sua maior investidora, responsável pelas maiores catástrofes ambientais no Brasil, a Vale.

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