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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Descrição de chapéu alimentação

O preço da carne sobe de patamar, e para ficar

Oferta interna de proteínas é maior, mas elevação de custos de 44% em 12 meses mantém valores em alta

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O preço da carne mudou de patamar, e os consumidores devem se acostumar com essa evolução. Vão continuar pagando mais. O recado vem de Ricardo Santin, que vive o dia a dia desse setor.

Ele é presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), entidade que congrega produtores e exportadores do setor.

“Estamos sendo veículos de um aumento do qual não somos a causa. Essa alta se deve à elevação dos custos de produção”, afirma.

O aumento não ocorre por falta de proteínas para os consumidores, apesar da intensa disputa do mercado externo com o interno, mostra a ABPA.

Funcionário acompanha a pesagem de carne no frigorifico Frigo Verde, em Xapuri - Lalo de Almeida - 27.nov.2019/Folhapress

Produção e consumo internos de carnes de frango e de suínos sobem neste ano, uma tendência que também deverá ocorrer em 2022. O setor de ovos acompanha.

A produção, no entanto, está sendo feita com custos bem mais elevados, sem perspectivas de retorno. Milho e soja representam 70% dos custos da produção das proteínas, e os aumentos de preços desses dois insumos estão acelerados.

De janeiro de 2019 a agosto de 2021, o preço médio do milho subiu 154%, e o da soja, 133%, segundo a entidade. E as elevações de preços no setor não se restringem a milho e soja, mas atingem também energia elétrica, papelão e até o dólar que, se de um lado ajuda nas exportações, de outro encarece os insumos importados.

O setor, com importante atuação no mercado externo, sofre, ainda, as dificuldades e os custos de logística: falta de contêineres, menos navio e alterações de rotas, diz Santin.

O índice de custo de produção dos últimos 12 meses da ABPA, acumulados até agosto, teve aumento de 44% para os produtores de frango e de 41% para os de suíno.

Santin não vê um retorno dos custos aos patamares de há alguns anos, quando soja e milho tinham preços mais favoráveis. O Brasil se tornou um grande exportador de commodities e atrai a atenção de grandes importadores, como a China.

Esse novo cenário ajuda a manter os preços das proteínas elevados e, com isso, os consumidores vão continuar pagando mais pelas carnes e pelos ovos nos pontos de varejo. É um peso inevitável para o bolso da população.

Essa alta ocorre em um momento de desemprego elevado e de queda de renda da população. Mesmo assim, ovos e carnes de frango e de suíno estão ganhando espaço, devido aos elevados valores da carne bovina.

Neste ano, o consumo per capita de carne de frango deverá subir para 46 quilos por pessoa, com alta de 1,5% em relação a 2020. No caso da carne suína, o consumo médio por consumidor irá a 16,9 quilos, com alta de 5%.

Apesar de previsões não muito favoráveis para a economia em 2022, com constantes quedas nas estimativas da taxa do PIB (Produto Interno Bruto), Santin acredita que o próximo ano também será um período de crescimento para o setor de proteínas.

Além da demanda externa, a reabertura do comércio interno voltado para a alimentação, como restaurantes por quilo, vai elevar a demanda por carnes.

Com base nisso, as estimativas da ABPA para a carne de frango são de uma média de 47,5 quilos por pessoa em 2022. O consumo de carne suína vai a 17,5 quilos, e o de ovos, a 262 unidades por pessoa.
Além de uma melhora no consumo interno, o presidente da associação prevê também aumento na produção e na continuidade das exportações.

No próximo ano, o Brasil deverá produzir 14,7 milhões de toneladas de carne de frango e 4,85 milhões de suína. As exportações poderão atingir 4,65 milhões e 1,25 milhão de toneladas, respectivamente, segundo dados da ABPA.

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