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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Governo revisa safra para baixo, mas mercado estima quebra ainda maior

Seca e calor extremos afetam produção de soja e de milho, que representam 89% da produção total de grãos do país

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A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que deverá deixar o governo em março, não terá realizado seu sonho de sair do Ministério com o país produzindo próximo de 300 milhões de toneladas de grãos.

O Brasil passa, nestes dois últimos anos, por uma das suas piores secas.

Com isso, o potencial de produção de grãos, que em condições ideais poderia chegar a 300 milhões de toneladas, ficará, mais uma vez, bem distante.

Colheita de soja em Mato Grosso - Secom

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que havia estimado inicialmente a safra em 291,1 milhões de toneladas, revisou os dados nesta terça-feira (11) para 284,4 milhões.

A própria Conab admite que nem todo o efeito climático atual sobre as lavouras está contemplado nos números divulgados.

O mercado, porém, já fez suas previsões, e os números são bem inferiores aos do órgão do governo, segundo Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

Na avaliação dele, computando-se os números do mercado para a quebra de soja referente aos três estados do Sul e Mato Grosso do Sul, o volume pode chegar a uma perda de 11,5 milhões de toneladas, em relação ao que estava projetado. Ou seja, a safra de soja poderá ficar próxima de 131 milhões.

A AgRural, de Curitiba, também refez seus cálculos e acredita que a produção de soja deste ano será inferior à do ano passado, que atingiu o recorde de 137,3 milhões de toneladas.

Para os analistas da AgRural, a seca e o calor extremos das últimas semanas deverão provocar uma quebra de pelo menos 11,3 milhões de toneladas na safra atual, em relação à estimativa anterior de produção da agência. Só pelos efeitos atuais, a produção seria reduzida para 133,4 milhões de toneladas.

A seca afetou também a safra de milho. Para Rafael Fogaça, gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, o milho foi mais sensível à seca, devido à demanda hídrica que as lavouras do cereal têm neste período do ano. Na avaliação dele, não há possibilidade de recuperação das perdas, mesmo que chova.

A safra de milho do Sul será de 24,7 milhões de toneladas, 5 milhões a menos do que a estimativa inicial, segundo a Conab. Brandalizze acredita, no entanto, que esses números estejam defasados. A safra de verão, importante no Sul do país, deverá ficar em apenas 20 milhões de toneladas.

A segunda safra, a de inverno, se não houver efeitos extremos renderá 86 milhões de toneladas, segundo Fogaça. Nos cálculos do governo, a safra total brasileira ficaria em 112,9 milhões de toneladas neste ano, mas o mercado já a vê próxima de 108 milhões.

Se o mercado estiver certo em suas avaliações, a safra nacional de grãos terá uma perda razoável neste ano, ficando abaixo dos 175 milhões de toneladas.

Sergio De Zen, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, diz que há um momento de incertezas no Sul, principalmente no Rio Grande do Sul. Ele destaca, no entanto, que as condições climáticas são melhores no Centro-Oeste, que já inicia a colheita de soja.

O avanço das máquinas no campo permite que o plantio da segunda safra de milho seja em condições melhores do que foram em 2021.

Apesar da produção menor neste início de safra, há uma tranquilidade para o abastecimento nos meses de maio e de junho, os mais críticos, segundo o diretor.

A Conab estima que a produção de algodão em pluma deverá subir para 2,7 milhões de toneladas, com evolução de 15% em relação à do ano anterior. Já a colheita de arroz renderá 11,4 milhões de toneladas, 3,2% menos, enquanto a de feijão atingirá 3,1 milhões, com aumento de 7,2%.

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