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A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Descrição de chapéu Guerra na Ucrânia Rússia

Concentração de 28% na importação de fertilizantes da Rússia e de Belarus preocupa

Os dois fornecedores sofrem sanções comerciais e financeira das grandes potências

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A importação de fertilizantes mudou de patamar e deverá superar os 5 milhões de toneladas no primeiro bimestre deste ano, o que já havia ocorrido no mesmo período de 2021.

Os gastos de 2022, porém, são bem diferentes dos do ano anterior. Nos dois primeiros meses deste ano, os custos das importações podem atingir US$ 2,7 bilhões, com alta de 98% em relação ao mesmo período de 2021.

Os dados da balança comercial de fevereiro serão divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) na próxima quinta-feira (3). Os preços internacionais dos fertilizantes, que vinham se acomodando, voltaram a subir com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Pulverização em lavoura de soja em Mato Grosso - Folhapress

O temor é de uma possível redução de oferta global desses insumos, o que afetaria os grandes produtores de grãos. O Brasil tem muito a perder, devido à dependência externa das importações de adubo. O país compra no mercado externo próximo de 85% a 90% do que utiliza no campo.

Essa preocupação ocorre porque os russos são responsáveis por 15% das exportações globais de fertilizantes nitrogenados e 17% das de potássio.

Juntos, Rússia e Belarus, este um país que também está sob sanções comerciais das grandes potências, são responsáveis por 33% das exportações mundiais de potássio, segundo o IFPRI (International Food Policy Research Institute).

Esses números justificam a preocupação dos brasileiros. Em 2021, Rússia e Belarus exportaram 11,7 milhões de toneladas de fertilizantes ao Brasil, o correspondente a 28% do que o país importou durante o período.

Essa concentração é perigosa porque os dois países, que ocupam a segunda e a terceira posições no ranking de importância nas compras brasileiras de potássio, forneceram 6 milhões dos 12,8 milhões de toneladas importados no ano passado.

A dificuldade nos portos da Ucrânia para exportação de grãos mantém os preços do milho e do trigo elevados no mercado internacional. Para o Brasil essa guerra é de grande importância também para a soja.

O país vem registrando um crescimento anual de área e avanço no volume produzido. Os produtores, que já estavam temerosos com os preços recentes dos insumos, poderão ter novas surpresas com os custos, dependendo do tempo de duração desta guerra.

A Ucrânia, que foi invadida, não fornece fertilizantes, mas grãos ao mercado internacional. Já a Rússia, a invasora, teria condições de continuar embarcando fertilizantes, mas as companhias marítimas, que atuam em todos os mercados, vão sofrer pressão das grandes potências. Estas querem ferir os russos pelas finanças e pelo comércio internacional.

No pouco tempo que dura, esse conflito já provocou o bombardeamento de vários navios de bandeira comercial, o que mostra instabilidade na navegação da região.

Um aumento dos custos de produção para o produtor brasileiro, vindo dos fertilizantes, se soma a outros e vai interferir no plantio atual do milho e no da soja no segundo semestre.

Muitos produtores já acenam com uma redução do uso de tecnologia nas lavouras, inclusive com uso menor de adubo. Além disso, diante dos recentes efeitos climáticos e quebra de safras, os fornecedores de seguro ficaram mais reticentes em participar do mercado, além de terem elevado os preços.

O Brasil importou 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes no ano passado. Deste volume, 60% vieram de apenas cinco países. A Rússia liderou com 9,27 milhões.

O mercado de commodities continua reagindo à guerra e à possibilidade de problemas no abastecimento mundial de grãos e de petróleo. Nesta segunda-feira (28), o trigo chegou a US$ 9,3 por bushel na Bolsa de Chicago, com alta de 10%. O milho atingiu US$ 6,97 por bushel, com evolução de 5,7%, e a soja subiu 3,7%.

​O petróleo tipo Brent superou os US$ 100 por barril na Europa, e o West Texas subiu para US$ 95,5 nos Estados Unidos.

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