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Secretário de Redação da Folha, foi editor de Opinião. É mestre em sociologia pela USP.

Liberdade dá trabalho

Esforço para reduzir injustiças na Previdência e na educação mostra a necessidade de governo para combater nossa tendência à mesquinhez

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No século 17, o filósofo inglês Thomas Hobbes cogitou que a sociedade, sem um órgão centralizado e forte a controlá-la, descambaria para a violência generalizada entre os indivíduos. Assim imaginou o “estado natural” da humanidade.

No século 20, historiadores intrigaram-se com o fato de que, desde o neolítico, a maioria das comunidades humanas atinge um nível básico de desenvolvimento, mas daí não passa. Batizaram as nações nesse padrão de “Estados naturais”.

Capa da primeira edição do 'Leviatã', de Thomas Hobbes - Reprodução

Há milênios dissemina-se a tecnologia para conformar a violência tribal a níveis razoáveis, em troca de progresso material para as elites pactuadas. O privilégio, a proteção e a pessoalidade no exercício do poder constituem a norma.

Exceção é chegar ao estágio superior, em que o acesso ao bem-estar econômico e ao poder político se franqueia e as leis a todos submetem. O regime das liberdades civis destoa como um artefato coletivo trabalhoso e antinatural.

Quem desconhece a história perde tempo a defender ou a amaldiçoar o “Estado mínimo”. O objetivo de reduzir as discrepâncias de partida entre as pessoas que buscam uma vida melhor requer carradas de esforço e regramentos do governo.

A proposta de reformar a Previdência para diminuir injustiças no acesso a esse bem público daria um livro de cem páginas. Imagine a quantidade de ações normativas e burocráticas secundárias que irá desencadear se for aprovada.

Assegurar que todas as crianças tenham a quantidade legal de aulas em sala, e que esse tempo seja usado em atividades pedagógicas, exige uma tenaz mobilização de recursos organizacionais. Tudo para dar um pequeno passo contra a desigualdade social.

A simplificação do cotidiano, traço de nações avançadas, não foi atingida por meio do combate à ubiquidade do Estado. Resulta, ao contrário, de um processo de adensamento regulatório para identificar e neutralizar nossa tendência à mesquinhez.
 

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