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Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).

Bolsonero, agora Herodes, nem finge mais que governa e ruínas se acumulam

Falta informação nacional sobre a epidemia, centrão saqueia Orçamento, Bolsonaro passeia

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Faz dez dias, sabe-se pouco sobre o ritmo da epidemia no país. A ignorância aumentou por causa dos ataques de hackers aos sites do Ministério da Saúde, que não tiveram conserto satisfatório até agora. Neste momento em que o mundo se ocupa do que fazer com a ameaça grave da ômicron, estamos um tanto mais no escuro do que de costume. Mais sobre isso mais adiante.

Esses bandidos informáticos também atacaram outros sites do governo, como os das polícias federais. A baderna criminosa se torna uma rotina; os sites caídos permanecem em ruínas por tempo inaceitável. A segurança institucional é uma mixórdia negligente. É comandada por Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, um general amigo da ditadura e da tortura, comparsa de Jair Bolsonaro nas campanhas golpistas.

Bolsonaro menos e menos se ocupa de passar a impressão de que governa. O Orçamento federal no momento é retalhado pelos regentes do centrão e seus favorecidos, picotado em obras paroquiais e outros fundos milionários para a reeleição dessa gente. O governo de Bolsonaro não tem capacidade nenhuma de orientar a lei orçamentária, quando não participa da razia e do saque. Esse tipo que ora ocupa a cadeira de presidente da República tratou quase apenas de arrumar um reajuste para policiais, sua "base". Bolsonaro não passa do pior vereador da história do Brasil.

O presidente da República, Jair Bolsonaro - Adriano Machado - 16.dez.21/Reuters

Bolsonaro pedinchou ao centrão dinheiro para dar reajuste de salário a policial. Sempre Nero, Bolsonero, agora também é Herodes. Faz campanha para prejudicar a vacinação das crianças. Estertorando nas pesquisas, estrebucha e cospe o resto do seu veneno a fim de manter no curral aquele 13% do eleitorado que "sempre confia" no que ele fala (dados do Datafolha) e mais outro tanto de votos, o mínimo para não ser descartado na corrida eleitoral. Isto é, faz campanha para sua seita ou quase isso.

Quais as medidas para conter um repique da epidemia, evitar uma possível invasão da ômicron? Não sabemos direito que se passa, por causa daquela depredação causada por hackers e porque, enfim, nunca houve mesmo um sistema nacional de informação e planejamento, de combate coordenado à Covid. Nem testamos ou rastreamos direito a doença.

Como surtos e repiques são a princípio locais, podemos tentar ver ali e aqui se a ômicron já faz estragos. O número de internados em UTIs na cidade de São Paulo aumenta de leve. Tinha caído a 111 faz dez dias, voltou a 144 —sim já foram mais de 1.200 no auge da epidemia, em abril. O número de novos internados no estado inteiro também voltou a subir. Pode ser mera flutuação casual. Pode ser outra coisa.

Quando vamos aprender que precisamos ainda tomar todos os cuidados (máscara, teste, ventilação, higiene, vacina, evitar aglomeração) e olhar os dados de maneira obsessiva? Considerem o que se passa na Europa e nos EUA, já com vários fechamentos de atividades públicas e um número muito alto de mortes.

Por sorte biológica, por causa do tamanho da desgraça aqui (muita infecção) e pela vacinação tardia, mas rápida, a delta fez bem menos estrago no Brasil do que no mundo rico. Pode ser que seja assim com a ômicron, mas simplesmente não sabemos. Parece que é altamente transmissível. No mais, há muita pesquisa e discussão sobre o bicho. Vamos esperar para descobrir na prática, no cara ou coroa da morte?

No final de ano, haverá reuniões de famílias, amigos, colegas de trabalho, aglomerações maiores, muitas irresponsáveis, e muita viagem. Se a ômicron está solta em São Paulo, vai se disseminar pelo país, inclusive por lugares do Norte e do Nordeste com baixa taxa de vacinação.

Vamos jogar na Mega da Virada? Na Mega da morte

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