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Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).

Descrição de chapéu desmatamento

Ruína menor da Amazônia mostra como Bolsonaro era o governo da morte

Desmatamento cai 22% em um ano; parte da elite se juntou à destruição, golpe e calote bolsonarista

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O desmatamento na Amazônia Legal diminuiu 22,3% em um ano, segundo a medição do sistema Prodes, diz o Inpe. Isso no ano encerrado em julho. Quer dizer, a medida inclui dados do semestre final do governo das trevas e da morte de Jair Bolsonaro.

Além disso, o esforço de controle da razia foi limitado pelo efeito da destruição institucional, quando equipes foram desmontadas, desestimuladas e sujeitas a ameaças do crime ambiental organizado, que se expandiu.

Mesmo assim, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com Marina Silva outra vez no ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, conseguiu remediar a situação. É apenas um começo. A área desmatada ainda é equivalente ao território de seis cidades de São Paulo.

Desmatamento no município de Apuí, no sul do Amazonas - Lalo de Almeida - 20.ago.2020/Folhapress

Outra vez: sob Marina Silva, ministra do Meio Ambiente durante quase Lula 1 e 2 inteiros, o desmatamento havia caído muito (para quase um quarto). A ministra criou o primeiro programa crível e prático de controle da destruição da floresta, abate que era totalmente desembestado quando assumiu o cargo, em 2003 —o desmatamento era quase o triplo do que é agora.

O grosso de legislação, fiscalização, diretrizes e instituições permaneceu, em parte foi aprimorado e ficou de pé, mesmo com menos dinheiro, e mal e mal até fins de Michel Temer (2016-2018).

Bolsonaro e seus comparsas abriram as porteiras do inferno, para a "boiada passar", de acordo com Ricardo Salles, acabando com instituições e incentivando a destruição, por omissão, ação e propaganda. Era parte do projeto de transformar o país em pária. Assim, de quebra, sujeitou-se o Brasil ao risco de sanções econômicas ambientais.

Essa pequena vitória da civilização, o desmatamento atenuado, é mais uma vez o momento de refletir sobre as trevas de 2019-2022 e sobre como a escuridão total pode voltar.

Boa parte da elite econômica aderiu a esse projeto, dele fez propaganda e o financiou. Até o apoio a um programa "liberal na economia" foi uma idiotice sinistra e cínica. O governo das trevas deu calote (nos precatórios).

A redução da dívida pública, que crescera na epidemia, ocorreu em boa parte por causa de inflação, que engordou o PIB nominal e levou a taxa de juros a um nível negativo. Em 2022, a gente das trevas estourou as contas, baixando impostos para obter votos. Etc.

A gente já quase se esqueceu dos mortos na epidemia, que foi disseminada também por causa do anjo da morte na Presidência. A cafajestagem se tornou um padrão de comportamento na república das trevas; a proximidade de "altas autoridades" baixas com milicianos se tornou de vez parte da paisagem.

Está cada vez mais evidente que o líder das trevas estimulou o projeto golpista de pelo menos uma grande facção do Exército, destruição do ambiente político que nem começa a ser revertida ainda. As Forças Armadas foram (ainda mais) politizadas. Vários de seus integrantes constituíram uma quadrilha no entorno de Bolsonaro (vide o caso do falsário e muambeiro Mauro Cid, para ficar no mínimo).

As tropas do mal se reagrupam ou tentam sair de fininho e fugir da polícia. Politicamente, o partido das trevas ainda tem base enorme no Congresso e apoios sociais fortes, em termos de poder econômico e população.

O extenso empresariado bolsonarista se finge de morto. Alguns se bandearam a fim de manter as aparências, pouco antes da segunda campanha golpista do 7 de Setembro, em 2022. A essa altura, nem o mais cínico poderia dizer que não sabia o que eram Bolsonaro e sua seita. O que queriam? Um regime mais ou menos autoritário em que pagassem menos impostos, o resto de que se danasse. Essa gente está vivíssima e ora bajula sofregamente os líderes "liberais" do Congresso. Convém prestar atenção.

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