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Orçada em R$ 100 milhões, reforma do Museu do Ipiranga tem 3,2% da verba

Ipiranga está fechado desde 2013, quando laudo apontou risco de desabamento do forro

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São Paulo

O incêndio que devastou o Museu Nacional, no Rio, chama atenção para a situação de outra instituição cuja reforma já se arrasta há cinco anos e que também está em risco: o Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga.

Ambos mantêm um acervo histórico de valor incalculável e são mantidos por universidades –no caso do museu carioca, pela UFRJ; no paulistano, pela USP.

Há cinco anos fechado para o público, obras de restauração do Museu do Ipiranga ainda não começaram - Diego Padgurschi/Folhapress

O Ipiranga está fechado desde 2013, quando um laudo apontou risco iminente de desabamento do forro e o levou a ser interditado. Algumas das peças do museu –mais de 450 mil obras-- foram transferidas para várias unidades; outras, incluindo a famosa tela “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, continuam ali, mas estão protegidas.

A previsão é que o museu reabra em 2022, no bicentenário da independência do país, ao cabo de uma reforma que deve orbitar em torno de R$ 100 milhões, a ser paga com recursos públicos e privados.

Desse valor, o restauro conta em caixa com R$ 3,2 milhões, ou cerca de 3,2% do total, incluindo patrocínio direto e aportes via Lei Rouanet, segundo Solange Ferraz de Lima, diretora da instituição paulista. O projeto ainda está em captação de mais recursos. 

A diretora afirma, por e-mail, que um caso como o incêndio no Rio pode “concorrer para ampliar a rede de esforços por parte da sociedade civil e esferas públicas para estruturar políticas efetivas e perenes de salvaguarda do patrimônio nacional”.

Ela não explicita, contudo, que tipo de mudança pode ocorrer na reforma tendo em vista o precedente com o Museu Nacional. “Estamos atentos a esses pontos, especialmente neste momento de transferência dos acervos para que o edifício-monumento fique inteiramente livre para as obras.”

O orçamento anual do museu paulistano é da casa de R$ 10 milhões -o do carioca é de R$ 520 mil, não repassados desde 2014.

A Fusp (Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo) é a responsável por gerir a execução dos recursos da reforma no Ipiranga. Quem toca a parte arquitetônica é o escritório paulistano H+F, que já desenvolveu o projeto executivo. A obra em si deve começar no início de 2019. 

Outro museu da USP, o MAC (Museu de Arte Contemporânea), também aguarda uma reforma. 

No caso dele, envolve a reserva técnica, isto é, o espaço onde são guardadas as obras fora de exibição. Como o espaço corre risco de inundações, ele não pode receber a coleção, alojada de forma dispersa na parte expositiva do museu. 

"Infelizmente não houve progresso palpável [na reforma da reserva técnica]. Foi feito um projeto, mas outras questões foram priorizadas", diz Carlos Roberto Ferreira Brandão, diretor do MAC.

Ele se refere a outras obras, como a da cabine de força e de áreas administrativas, que tomaram a dianteira por decisão da Superintendência do Espaço Físico da USP, instância responsável por esse assunto dentro da estrutura da universidade. 

"A reserva está prometida para o próximo ano. Depende da instalação de bombas, para retirar a água, e de uma reforma no térreo", diz Brandão. "Não tenho ideia de quanto vai demorar essa reforma."

Como o espaço é limitado, o prejuízo para o MAC é enorme, segundo ele, que teve de estabelecer uma moratória e deixar de receber novas peças por um período. 

Ex-diretor do Ibram, o instituto federal que administra unidades como o Museu Nacional, ele frisa que o MAC "não está em risco". "As medidas são cautelares."

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