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Descrição de chapéu Tragédia em Brumadinho

Socorristas e parentes comemoram notícia de localização de sobreviventes em Brumadinho

Moradores se emocionam com vozes de suposto pedido de socorro

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Brumadinho (MG)

Depois de um dia de péssimas notícias em sequência em Brumadinho (MG), um grupo de socorristas e parentes comemorou às 9h deste sábado (26) a informação, enviada por telefone pelo Corpo de Bombeiros ao centro comunitário do distrito de Córrego do Feijão, da localização de cinco pessoas que estavam desaparecidas desde o desastre desta sexta.

Uma assessora da Vale que participa do apoio às famílias confirmou, entre lágrimas, que cinco homens foram localizados com vida mas ainda estavam sendo resgatados com apoio de helicópteros.

Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, ao menos nove pessoas morreram e aproximadamente 300 estão desaparecidas.

Um dos sobreviventes é irmão do bombeiro civil voluntário Jorge Luís de Faria, 51, que desde ontem participava de buscas na região com outros quatro amigos. Segundo Jorge, seu irmão Carlos Eduardo de Faria, 32, trabalha como motorista numa empresa de pavimentação asfáltica contratada pela Vale e estava sem contato desde o momento do acidente.

Logo após receber a notícia da localização do irmão, Jorge saiu em outra missão com o grupo de voluntários para tentar localizar um idoso de 90 anos que estaria ilhado numa casa perto do Córrego do Feijão.

O outro irmão de Carlos, o mecânico Paulo Henrique Faria, se emocionou ao saber da notícia. Ele havia falado com a Folha sobre as buscas ao irmão meia hora antes.

"Confiamos que ele está vivo em algum lugar esperando o resgate", disse Paulo Henrique. Ele contou que seu irmão acionou duas vezes o telefone celular depois do horário do acidente, estimado em 13h00.

"Ele deu um toque no celular de um amigo dele às 14h12 e 14h56, então tem que estar vivo por aqui mesmo", disse Paulo, enquanto contemplava a destruição na região do Córrego do Feijão.

Após saber da notícia, Paulo disse que o patrão de Carlos também telefonou confirmando que o irmão entrou para a lista dos sobreviventes que vai ser divulgada pela Vale.

Também neste sábado,  um grupo de dez moradores da região de Brumadinho se posicionou na beira da lama que devastou a região do Córrego do Feijão para tentar ouvir algum pedido de socorro.

"Silêncio todo mundo, vamos ouvir!", repetiam os socorristas. Alguns segundos depois, os moradores garantiram estar ouvindo vozes de pessoas pedindo socorro. Isso bastou para alguns caírem em lágrimas e começarem a rezar.

A dona de casa Analice Ribeiro se emocionou porque alimenta a esperança de notícias sobre sua cunhada, Angelita Assis, 36, que é enfermeira de um posto de saúde da Vale perto da mina e tem dois filhos, um de 15 e outro de doze anos. 

"Nós escutamos alguém gritando", repetia Analice, enxugando as lágrimas. Segundo ela, sua cunhada trabalha há sete anos na Vale e nunca comentou que poderia haver o risco de um rompimento da barragem.

Socorristas informaram as vozes a um grupo de soldados da Polícia Militar, que pelo rádio acionou o Corpo de Bombeiros.

Alguns helicópteros passaram pela região mas não se detiveram no local em que os moradores queriam, o que os levava ao desespero. Cerca de meia hora depois, um helicóptero com militares e outro do Corpo de Bombeiros enfim fizeram voos rasantes e uma inspeção mais atenta nos locais indicados pelos moradores.

A empolgação dos moradores acabou em frustração, pois nada foi encontrado. Um dos moradores gritava que estava vendo "uma mão acenando".

Com uma lente de longo alcance, a Folha verificou que se tratava de um galho que se mexia com o vento gerado pelas pás dos helicópteros. 

A reportagem de fato ouviu vozes vindo da direção da lama, pelo menos uma vez alguém disse "vivo", mas não foi possível saber se eram de fato sobreviventes ou outros socorristas que não estavam ao alcance da visão dos moradores naquele ponto do Córrego do Feijão.

Após a tragédia, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que o dano ambiental será muito menor que o de Mariana, mas a tragédia humana deverá ser maior.

O rompimento da barragem liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que entraram no rio Paraopeba. A estimativa é a de que esse volume represente um quarto do que foi liberado no acidente com a barragem de Fundão, em Mariana, que pertencia à Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton. 

 

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