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Descrição de chapéu Alalaô Rio de Janeiro

Portela e Mangueira levam emoção à Sapucaí no 2º dia de desfiles no Rio

Escola de Madureira homenageou Clara Nunes; a verde e rosa balançou bandeira por Marielle Franco, índios, negros e pobres

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Rio de Janeiro

Foi difícil ver alguém sentado na Sapucaí durante a passagem da Portela e da Mangueira no segundo e último dia de desfiles do Grupo Especial do Rio. Foi fácil, porém, ver choros e olhos marejados ao som dos refrões repetidos em coro durante a cerca de uma hora de cada desfile.

Ambas apresentaram sambas-enredo potentes, que caíram no gosto do público, e levantaram a plateia com o canto forte dos seus integrantes. As duas são fortes candidatas ao título deste ano, que terá o resultado apurado na tarde desta quarta-feira (6).

A Portela homenageou a sambista Clara Nunes, que morreu aos 40 anos em 1983 e foi um dos maiores ícones da escola. A agremiação fez referências às religiões de matriz africana e aos orixás Ogum e Iansã, de quem a artista era devota. 

Enalteceu ainda suas próprias origens e sua modernidade, com o tradicional som da águia da escola ecoando pela avenida. Parte da velha guarda desfilou no último carro, que trazia uma foto da sambista com a frase "até um dia" no fundo. Na frente do carro, a atriz Emanuelle Araújo fazia as vezes de Clara Nunes na avenida.

Também houve espaço para uma homenagem ao estado de Minas Gerais, onde a sambista nasceu. Um dos carros reproduzia os azulejos portugueses tradicionais nas igrejas mineiras.

Já a Mangueira contou neste ano “a história que a história não conta”, sobre personagens importantes do país que não são retratados nos livros: índios, negros e pobres. Emocionou principalmente ao balançar bandeiras com o rosto de Marielle Franco, vereadora morta há quase um ano, nas cores da escola (verde e rosa).

A viúva da parlamentar, Mônica Benício, foi à frente da última ala, composta por homens e mulheres de favelas que superaram o preconceito e alcançaram notoriedade. Antes do desfile, ela disse à Folha que aceitou o convite não para celebrar, mas por um ato político. Broches e placas com o nome de Marielle eram vistos na plateia. 

Ao final, o deputado federal Marcelo Freixo e o vereador do Rio Tarcísio Motta carregavam junto a membros da agremiação um bandeirão com os dizeres “índios, negros e pobres”.  

A Mangueira desfilou caricaturas do que chamou de “heróis emoldurados”. Na comissão de frente, por exemplo, aristocratas andavam de joelhos, diminuídos ao lado de índios. Mais à frente, Pedro Álvares Cabral foi retratado como “171”, com roupa de presidiário. 


Entre os personagens que a escola homenageou estão Cunhambebe, chefe indígena que comandou índios tamoios contra colonizadores portugueses no século 16, e Luísa Mahin, africana vendida no Brasil que articulou revoltas de escravos no século 19.

Um carro trouxe “o sangue retinto por trás do herói emoldurado”, com uma versão do Monumento às Bandeiras manchado de vermelho. Outro recriou o quilombo dos Palmares, com o presidente de honra da escola, o músico Nelson Sargento, representando o líder Zumbi.

A primeira escola que desfilou nesta segunda foi a São Clemente, que empolgou com um enredo que trazia críticas a diversos elementos da Marquês de Sapucaí. Houve críticas aos dirigentes de escolas, à televisão oficial que transmite os desfiles, aos camarotes e ao modelo comercial do Carnaval do Rio. “Virou Hollywood isso aqui", dizia o samba.

Logo em seguida, a Unidos de Vila Isabel surpreendeu com fantasias elaboradas e sem erros aparentes. O tema era Petrópolis, a cidade dos Pedros: o pai, o filho e os santos. Ou seja, D. Pedro 1º, que tinha o sonho de construir uma casa ali, D. Pedro 2º, que o concretizou, e São Pedro e Santo Pedro de Alcântara, padroeiro do município.

Sabrina Sato levantou o público como rainha de bateria. O pai, a irmã e a filha de Marielle Franco apareceram no último carro, em mais uma homenagem, junto a uma faixa com os escritos “Marielle Presente” e puxando uma ala que remetia à escravidão e à cultura negra.

Com desfile lúdico porém repetitivo, a União da Ilha homenageou o Ceará pelos olhos de dois dos seus escritores mais notáveis: José de Alencar (1829-1877) e Rachel de Queiroz (1910-2003). Trouxe referências da cultura cearense como as rendas e o Reisado.

Na quarta apresentação da noite, a Paraíso do Tuiuti teve dificuldades para superar as expectativas com relação ao ano passado, quando terminou em segundo lugar. Com coxas de frango gigantes carregando armas, a escola criticou os “coxinhas”, como são chamadas pejorativamente pessoas à direita do espectro político.

A escola usou elementos da cultura nordestina e negra. Uma das personalidades que desfilou no último carro de som foi a escritora negra Conceição Evaristo.

Após a passagem da Mangueira —que saiu da avenida aos gritos do público de "é campeã"—, a Mocidade surpreendeu com um samba poderoso, fantasias luxuosas e carros bem acabados. No enredo sobre o tempo, a escola colocou como destaque a cantora Elza Soares, 81.

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