Mortes: Físico nuclear dedicou seus últimos dias a ser o 'vovô máximo'
Professor da USP nasceu no Iraque e gostava de comer bem ao lado dos amigos e da família
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A cada ano, próximo do Natal, os professores do Instituto de Física da USP se reuniam no entorno de uma mesa num restaurante. Entre os estudantes e funcionários, aquela mesa se destacava com toalhas brancas, taças de vidro e um cardápio exclusivo (um certo luxo para os padrões da academia).
O encarregado pela seleção do cardápio era o físico nuclear Mahir Hussein. Ele não podia deixar faltar na mesa dos colegas quibes, arroz com cordeiro, tabule, azeitonas e tâmaras para a sobremesa.
Nascido no Iraque, Hussein era filho de um professor universitário de literatura de língua inglesa. Após a faculdade de física em Bagdá, conseguiu uma bolsa para estudar no renomado MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Hussein se encantou pela chance de fazer experiências nos laboratórios da instituição. Mas percebeu que deveria focar sua formação no campo teórico, já que pretendia voltar ao Iraque, onde não teria grandes laboratórios para prosseguir nas pesquisas.
Perto do fim do curso, o pai de Hussein desaconselhou que o filho voltasse ao Iraque, em meio a uma crescente tensão com o Irã, no início dos anos 70. O estudante, então, aceitou o convite de se mudar para São Paulo onde daria aulas no recém inaugurado Instituto de Física da USP.
Na universidade construiu sua carreira, acumulando títulos, prêmios e patentes internacionais. Deu aulas como visitante em diversas universidades pelo mundo.
Nos últimos anos, após o diagnóstico do câncer, tentou ao máximo estar perto dos netos. Três deles, que moram na Alemanha, pouco falam português, mas adoram repetir ‘vovô é o máximo’ quando mandavam mensagens a Hussein. O professor deixa a esposa, uma filha, quatro netos e irmãos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
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