Siga a folha

Bolsonaro publica vídeo em que ministro diz que concursos selecionam esquerdistas

Em produção de um minuto, Weintraub não apresenta evidências de suas afirmações

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

O presidente Jair Bolsonaro publicou em suas redes sociais um vídeo em que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirma que os concursos públicos no Brasil selecionam pessoas com viés político de esquerda.

Abraham Weintraub e Jair Bolsonaro em cerimônia de comemoração do Dia da Bandeira - Lucio Tavora/Xinhua - 19.nov.2019

"Entre na internet e veja como foi o último concurso público da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Se você ver, é um concurso que [não] tem praticamente nada de matemática e está lá falando governo estado-unidense. Então você, na seleção, já seleciona pessoas com viés de esquerda nos concursos, como é o Enem", diz Weintraub.

O ministro não explica em sua fala por que considera que o termo estado-unidense —reconhecido nos dicionários como sinônimo de americano— indicaria um viés político de esquerda.

O vídeo foi publicado na conta oficial de Bolsonaro no Facebook. Na postagem, o presidente escreveu "doutrinação e mentiras até nos concursos". "Caso fosse perguntado numa prova: após a saída de João Goulart, em 1964, quem assumiu a presidência da república? Qual sua resposta?", acrescentou o mandatário, referindo-se ao presidente da República deposto pelo golpe militar daquele ano.

No vídeo, o ministro da Educação também diz que a suposta doutrinação nos concursos públicos remonta ao governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ele não apresenta no vídeo, que tem um minuto, provas que endossem suas afirmações.

"Veja, isso começou com o Fernando Henrique. A gente não está falando de 16 anos de PT, a gente está falando mais de um quarto de século. De continuamente uma doutrinação que começa de uma forma suave e gradualmente você vai começando a achar o errado normal. E de repente você tem que achar o errado bonito. É disso que a gente está falando", afirma Weintraub.

Na peça, o ministro também classifica o ministério da Educação como "um colosso" e diz que a pasta concentra 300 mil dos 600 mil funcionários do governo federal. "Esse corpo aqui está cheio de pessoas que prestaram concurso público. É importante que seja dito como são esses concursos públicos", afirma.

Weintraub chegou à Esplanada em abril, ao substituir Ricardo Vélez Rodríguez, e desde então sua administração tem sido marcada pela intensificação de discurso ideológico e pela beligerância em redes sociais. 

Especialistas criticam a gestão do ministro e dizem que ela travou a política educacional do país. Não se cumpriu, por exemplo, a promessa de Bolsonaro de priorizar a educação infantil e os ensinos fundamental e médio —a chamada educação básica. A pasta computa uma precária articulação com as secretarias de educação pelo país e baixa execução orçamentária de recursos federais.

Em maio, ele surgiu nas redes sociais em vídeo de guarda-chuva em punho, dançando para ironizar notícias de cortes na pasta: "Está chovendo fake news", declarou à época. Apesar das queixas contra a sua atuação, Weintraub é frequentemente elogiado e endossado por Bolsonaro em suas declarações.

Na última semana, ele foi novamente criticado após publicar em suas redes sociais uma mensagem com um erro de português. Na ocasião, ao agradecer o apoio do deputado Eduardo Bolsonaro, o ministro escreveu “imprecionante” em vez de “impressionante” — a postagem foi posteriormente apagada.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas