Mortes: Uniu ideais políticos a bom café, carisma e conversa
Bruno abriu o Sabelucha no ano de 1993, em sociedade com Maria Imaculada, 75, sua irmã
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O café bem servido e o espaço acolhedor eram convites para alguns minutos de prosa inteligente com Segismundo Bruno, no Sabelucha, tradicional reduto da esquerda no bairro do Bexiga (centro).
A voz que misturava ideais políticos a opiniões fortes com alegria e carisma calou-se no dia 18 de novembro. O coração de Bruno, que nunca desamparou ninguém, decidiu descansar.
Sua história cruza com a do café Sabelucha, que funciona há 27 anos na casa onde viveu até 1980. À época, Bruno mudou-se para São Miguel Paulista (zona leste) e fez parte de movimentos sociais.
Na vida política, integrou-se ao PT (Partido dos Trabalhadores) e atuou também na gestão de Luiza Erundina enquanto prefeita de São Paulo (1989-1992).
O Sabelucha foi aberto em 1993, em sociedade com Maria Imaculada, 75, sua irmã. O nome é em homenagem a avó Isabela, chamada carinhosamente de Sabelucha.
Bruno se revezava entre a boa conversa e a mão na massa. Tudo era feito por ele: as bebidas, os bolos, salgados, as tortas, os cannoli, até o pequeno biscoito servido junto com o café.
Longe de ser uma simples cafeteria, o local guarda a essência, a graça e parte da vida de Bruno espalhadas por cada canto, misturadas a imagens de Lula, Che Guevara, Marighella e Lênin, além da bandeira do PT.
Mesmo com a polarização política em alta, o café abria suas portas a todas as pessoas que quisessem trocar ideias num ambiente agradável.
A clientela eclética atraía desde quem passeava pelo bairro até políticos, simpatizantes da esquerda, artistas e apreciadores da cultura, assim como ele —Bruno gostava de teatro e MPB.
Entre um café e outro, exercia a generosidade. Aos moradores em situação de rua doava pedaços de bolo, salgados e moedas.
Nos últimos tempos, Bruno morava com a família na Aclimação (zona sul). Amou os netos de forma especial e os sobrinhos como se fossem filhos.
Segismundo Bruno morreu aos 73 anos, em decorrência do rompimento da aorta. Deixa a esposa Marta, os filhos Gabriel e Pedro, e os netos João Pedro e Lis.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compartilhou um vídeo no YouTube em sua homenagem. “Vale a pena a gente passar pelo planeta Terra e saber que a gente viveu na mesma época que viveu uma pessoa da grandeza do Bruninho.”
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters