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Descrição de chapéu Obituário Roberto Néri (1992 - 2021)

Mortes: Um gigante gentil que sabia da potência da delicadeza

Músico, professor e garçom, Roberto Néri mantinha a escuta atenta em que tudo que fazia

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Daniel Dieb
São Paulo

Um gigante gentil, Roberto Néri da Silva Freitas sabia da potência da melodia sutil, da palavra delicada e da escuta atenta. Era assim no trato com as pessoas ou em suas criações artísticas, de músicas a poesias.

"Ele sempre foi um bom ouvinte e sabia falar as coisas certas no momento certo", lembra sua namorada, Ingrid Missio.

Roberto era alto e elegante, mas nem sempre foi assim. A altura de 1,95 m veio na espichada da adolescência.

Roberto Néri (1992 - 2021) - Arquivo pessoal

"Meu pai e eu o chamávamos de tampinha, pintor de rodapé e outros apelidos do tipo", conta Fábio Néri, o irmão mais velho. Foi nessa época que Roberto aprendeu a tocar bateria, instrumento que nunca teve, mas nunca fez falta, pois as almofadas de casa eram o tom, a caixa e os pratos.

O irmão conta que Roberto aprimorou a prática na igreja Bola de Neve do Guarujá (a 86 km de São Paulo), onde conheceu outros estilos musicais. "Depois aprendeu a tocar baixo e violão e não parou mais de compor."

Já a elegância veio depois que conheceu Ingrid, em setembro de 2014. Ficaram de lado o tênis, o jeans e a camiseta, e entraram as botas, a calça social e a camisa. "Ele adorava que as pessoas reconhecessem o vinco na calça social e não deixava de passar a roupa por nada", diz ela.

Bob, um dos apelidos pelos quais ele era conhecido, buscava a namorada no trabalho todos os dias. Ela conta que houve uma e outra vez que ele não foi, mas sempre avisava e pedia para alguém acompanhá-la. Os dois planejavam se casar no cartório no ano que vem.

Ele estava animado para o que seria sua primeira participação completa na criação de um disco, o de Naissius, projeto do amigo Vinícius Lepore, artista que conheceu em 2013 em um vagão do metrô de São Paulo

Bob também havia começado a publicar suas criações, como poemas e músicas, nas redes sociais. Em uma delas, escreveu que "para toda inquietude dominadora, há uma paz compensadora".

No domingo (7), Roberto terminou o expediente no restaurante Petí com um sorriso no rosto: ia visitar os pais no Guarujá pela primeira vez desde o início da pandemia. Estava com saudades deles e do mar. Na manhã de segunda (8), foi à praia para se banhar antes de voltar a São Paulo. Morreu afogado e espalhou saudades.

Roberto Néri deixa pai, mãe, irmão, namorada e dois gatos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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