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Descrição de chapéu clima

Em região mais fria de SP, moradores relatam uso de três meias e fogueiras

Paralheiros e Marsilac são as regiões da cidade que registraram as temperaturas mais baixas desta semana

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Homem passa a cavalo na estrada da Colônia, em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo, que registrou as temperaturas mais baixas da capital - Rubens Cavallari/Folhapress

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São Paulo

Duas mulheres sergipanas, com gorros e malhas grossas, sentaram-se ao sol no quintal de uma casa em Parelheiros, bairro no extremo sul de São Paulo que registrou as temperaturas mais baixas nas últimas noites desta semana. Só no vizinho Marsilac os termômetros mostraram números tão baixos na cidade na atual onda de frio.

O clima entre elas era de pura indignação: "Eu estou vivendo é um pesadelo", disse a aposentada Maria Lúcia Alves do Nascimento, 67. Ela mora em Itapicuru, na Bahia, onde raramente a temperatura cai abaixo de 20ºC. "Muito diferente de São Paulo", afirma ela, que está na capital paulista para visitar parentes —e diz que não mora na cidade exatamente por causa do inverno.

São Paulo registrou sensação térmica de 2°C no fim da madrugada de quinta (19), segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), com os termômetros marcando 7,9°C.

Na madrugada de sexta (20), a temperatura subiu muito pouco, ficando em torno dos 9ºC.

O que Maria Lúcia não imaginava é que Parelheiros ficava no ponto mais frio da cidade, e registrou 6,4°C no dia mais frio desta semana, quinta. Na Consolação, região central, a madrugada foi de 8,5°C.

A sensação térmica em áreas do bairro chegou a -5,4°C. "O frio é uma doença", grita Rosália Ferreira da Cruz, 85, sua amiga.

"Ela fica muito nervosa com o frio", completa Maria Lúcia, com três meias nos pés e três blusas. "Esse frio daqui não é igual ao de lá de Itapicuru. Lá as 'véia' é tudo de peito de fora."

A chefe de limpeza Fabiana Pereira da Cruz, 48, foi com o filho, o atendente Luís Felipe, 22, ao ponto em que Jeferson Nascimento Conceição, 40, mantém sua tenda de jaquetas, gorros e cachecóis.

"Na semana passada compramos duas blusas, e hoje ele vai comprar mais uma", diz Cruz.

Nesta semana, ela precisou utilizar tapetes no piso e colocar cortinas na janela para aquecer sua casa. Também vedou frestas com panos durante a noite. "Fez muito frio."

Jeferson, por sua vez, se arrepende de não ter estocado mais roupas de frio para vender. "Acabou tudo na loja onde eu compro na 25 de Março", diz ele, mostrando a imagem de uma loja cheia de cabides vazios.

A cerca de 500 metros dali, Francisco Xavier de Souza, 66, colocou uma cadeira na porta do bar do qual é proprietário, e ficou esperando a clientela chegar com o sol banhando o ambiente. "Com esse frio cai muito o movimento. O que segura [o faturamento] é a cachaça", diz. Um vizinho tinha na porta de sua casa uma cesta cheia de gengibre, a raiz utilizada no famoso quentão, bebida de festas juninas.

Fogueira também tem sido uma opção para quem vive em áreas mais afastadas do perímetro urbano, onde a rua é de terra e esta cercada pela mata. No limite com Marsilac, o pernambucano Ivanilzo Riberiro Umbelino, 51, técnico de refrigeração, conta que mora em São Paulo desde 2006. Mudou-se para a sua atual residência, construída com as próprias mãos, em 2009. Acompanham ele a mulher e dois filhos.

Umbelino diz que fogueira é uma opção para quedas acentuadas na temperatura e diz que construiu a casa já pensando nas mesmas noites frias da região que o surpreenderam quando aportou do Nordeste.

"Esse conhecimento [que a região era fria] eu já tinha, que aqui é bem friozinho, porque cheguei aqui e fui trabalhar de caseiro aqui perto. Mesmo no verão, às vezes, cai a temperatura à noite", diz. "Para as crianças aqui é complicado, eles tem sempre crises de bronquite, e coincide com as épocas de frio."

A janela da lavanderia da casa tem uma janela que dá para a rua e é toda fechada por bambus que ele apanhou em um terreno vizinho e também servem para segurança.

Na estrada da Colônia, a dez minutos dali e já no asfalto, um homem passa andando a cavalo coberto por blusas grossas. Mais adiante, fica a região onde, neste domingo, haverá a comemoração do aniversário de 195 anos do bairro. A celebração será na rua Terezinha do Prado Oliveira, próximo ao CEU Parelheiros.

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