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Descrição de chapéu Obituário Adauto Sebastião da Silva (1942 - 2023)

Mortes: Garçom por 60 anos, foi reconhecido por sua habilidade

Adauto da Silva era flamenguista fissurado e tirava chope com maestria

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São Paulo

Tirar chope é coisa séria, e Adauto sempre foi reconhecido pela qualidade. O fato foi atestado por clientes do Bar Brasil, onde trabalhou por seis décadas, que lamentaram sua morte e celebraram a habilidade.

Nascido em João Pessoa, na Paraíba, em 1942, Adauto Sebastião da Silva saiu da sua terra natal atrás de oportunidades de trabalho no Rio de Janeiro, deixando o primeiro filho, Adalberto, e Cleodiva, sua esposa e companheira por 50 anos.

No Rio, foi hospedado na casa de um conhecido, Waldir. O acolhimento virou amizade e nome de um dos filhos do garçom.

Adauto Sebastião da Silva (1942-2023) - Arquivo/Bar Brasil

Durante uma procura por trabalho, o jovem topou com um senhor no centro da capital carioca que lia os classificados.

"Eles não se conheciam. Esse senhor disse para ir até a Lapa, procurar uma vaga de ajudante no Bar Brasil", diz a filha Kelly Melchiades da Silva, 38.

Perguntando pelos arcos da Lapa, Adauto chegou ao local e, após uma conversa, começou a trabalhar no dia seguinte. Ele morou no segundo andar do bar por um tempo, para economizar dinheiro e trazer mulher e filho para o Rio.

"Começou lá descascando batata, fazendo faxina, foi para a cozinha e depois virou ajudante, até ser garçom", afirma Gustavo Marins, 43, sócio proprietário do Bar Brasil.

Certa vez, um cliente já embriagado chegou ao bar e pediu um chope. Foi servido e advertido por Adauto de que não deveria beber mais. "Aí ele fechou a conta, não bebeu, pagou e foi embora. O cara era juiz, mas voltou e virou cliente dele, porque o atendimento era assim, direto", diz o empresário.

Foi o atendimento objetivo que conquistou clientes ao longo dos anos. Flamenguista fissurado, acompanhava o time sempre que podia e era fã de Roberto Carlos.

Seu jeito de mostrar carinho era garantir que não faltasse conforto para a família. A rotina inabalável com Cleodiva começava com o café da manhã preparado por ela e tomado pelos dois, sempre juntos.

Em 2021, o filho Waldir foi uma das vítimas da Covid-19, uma perda que abalou Adauto. Mas o veterano continuou cuidando dos seus e na ativa. Numa sexta, deixou o bar com sentiu fortes dores abdominais e começou a investigar o problema no hospital, mas o diagnóstico de uma sepse chegou tarde.

Adauto morreu em 4 de fevereiro, aos 81 anos. Deixa a mulher, Cleodiva, 77, os filhos Adalberto, Renato e Kelly, 11 netos e dois bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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