Mortes: Concentrado, foi pioneiro na matemática e artista
Antonio Fernandes Izé ajudou a fundar instituto da USP em São Carlos (SP)
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Antonio sempre foi uma pessoa calma e concentrada. O filho Fernando Izé, 56, diz que ele vivia em outro mundo. O matemático, um dos pioneiros do país na área das equações diferenciais ordinárias, sempre estava concentrado em algum de seus estudos, seminários ou projetos.
Um exemplo de aplicação das equações que ele ajudou a pesquisar é o cálculo de fenômenos nos quais a mudança de uma medida é causada pelo próprio processo. Um deles é a dinâmica de crescimento da população, alterada pela quantidade de pessoas.
Nascido em Franca, no interior de São Paulo, em 1933, Antonio Fernandes Izé cresceu em Ribeirão Preto, e perdeu o pai com um ano de idade. "Como ele era a 'raspa do tacho', as irmãs começaram a trabalhar e ajudaram a cuidar dele", diz Fernando.
O caçula, que veio depois de quatro mulheres, dedicou-se aos estudos incentivado pela mãe, Paulina Sinhorini. Na capital paulista, foi bolsista do curso técnico em mecânica na antiga Escola Técnica Federal de São Paulo, hoje um instituto federal. "Minha mãe que foi atrás dessas coisas para mim. Uma das mulheres mais inteligentes que conheci", disse o pesquisador em entrevista à USP (Universidade de São Paulo), da qual foi aluno.
Escolheu a matemática na faculdade, enquanto trabalhava na Light. O dia começava com o trabalho e terminava depois das aulas noturnas, às 23h. Foi nessa rotina que conheceu Marlene, após os repetidos encontros no ponto de ônibus. Casaram-se em 1961.
A carreira de Antonio no ensino começou naquele ano, no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), onde também se tornou mestre em ciências em 1965. Voltou à USP para o doutorado e foi à Universidade Brown, nos Estados Unidos, para o pós-doutorado, concluído em 1970.
Em 1971, participou da fundação do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação, na USP em São Carlos, onde ensinou até 1987.
Dois anos depois, tornou-se professor na Universidade Federal de São Carlos até a aposentadoria, em 2002.
Antonio também era artista. "Pintava muito bem, desde os 17 anos, chegou a ganhar prêmio nos EUA", diz Fernando. Para ele, cuidar do pai foi tanto um privilégio quanto uma retribuição pela boa vida em família.
Antonio Fernandes Izé morreu em 2 de abril, aos 90 anos, de parada cardiorrespiratória e falência de órgãos. Deixa os filhos Fernando e Carlos, 61, e os netos Julia, Rafael e Felipe.
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