Mortes: Estudiosa desde criança, tornou-se referência na área de segurança
Thais Lemos Duarte enveredou-se pela sociologia de corporações policiais e, principalmente, as penitenciárias
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Durante muitos anos, os estudos foram o refúgio de Thais Lemos Duarte. Ela mantinha uma rotina rigorosa já na adolescência que incluía acompanhar os jornais, estudar até 12 horas por dia e ler romances nas horas vagas.
A mais nova de três irmãs, Duarte vislumbrava um futuro como juíza na área criminal. Aos 17, fez vestibular para direito e também para ciências sociais —inscreveu-se na segunda opção de forma desinteressada, imaginando que seria um complemento à formação jurídica. Foi aprovada nos dois cursos em universidades públicas.
Foi como socióloga, porém, que Duarte seguiu sua trajetória. Anos depois, ela se tornaria uma pesquisadora respeitada na área de estudos da violência, da segurança pública e do sistema penal. A matrícula no curso de direito durou apenas um semestre.
No mestrado e doutorado, ela se voltou para o estudo do sistema penitenciário. Seu interesse era no impacto no cotidiano das famílias de presos e as relações afetivas entre quem está dentro e fora da prisão.
A partir de dezenas de entrevistas, Duarte percebeu como as mulheres serviam como verdadeiras "agentes de ressocialização" de quem estava atrás das grades. A base para esse trabalho acadêmico foi dezenas de entrevistas com quem trabalha, dorme e visita as unidades carcerárias.
Pouco depois de concluir o doutorado, ela tornou-se perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, um órgão independente que vistoria unidades prisionais em todo o país e publica relatórios sobre as condições do cárcere. Investiga-se não apenas casos de tortura, mas qualquer tratamento ou pena que seja considerado desumano ou degradante.
Duarte é lembrada por colegas como uma integrante especialmente combativa do órgão. Ela fez parte da equipe de 2015 a 2017.
"Tínhamos muito em comum: a indignação pela desigualdade do país, pela violência, pela forma como o Estado é violento com certas classes sociais", diz a socióloga Gorete Marques, colega de Duarte em pesquisas científicas.
Duarte viveu a infância e a juventude em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, filha de um professor universitário e uma técnica de enfermagem. Ela descobriu uma leucemia no final de 2021 e, após um ano e meio de tratamento, morreu no último dia 31. Ela deixa duas irmãs e o companheiro, com quem viveu em Viçosa (MG) no último ano.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters