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Descrição de chapéu Obituário Maria de Lourdes da Silva Brito (1960 - 2023)

Mortes: Atriz e bonequeira, fez da cultura popular seu espetáculo

Amante dos bonecos e das ruas, retratou a história do fandango paranaense

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Curitiba

O primeiro contato de Lu Brito com o teatro foi aos 16 anos em Canoa Quebrada (CE). A trupe que mesclava o espetáculo com a arte circense fez a jovem se encantar. Atrás do sonho, chegou a Brasília, onde conheceu o ator e diretor Ary Para-raios e seu famoso grupo Esquadrão da Vida.

Com ele, Lu foi convidada a se apresentar em Curitiba, onde se graduou em artes cênicas e fundamentos estéticos. Foi atriz, produtora, dançarina, pesquisadora e bonequeira.

No Paraná, encantou-se pelo fandango, estilo caiçara de música e dança que foi seu tema de peças e obras, como "Subindo a Serra" e "Fandango de Mutirão", que ajudou a organizar.

Maria de Lourdes da Silva Brito (1960- 2023) - Arquivo pessoal

Ela se envolveu tanto com o tema que aprendeu a construir os instrumentos e figurinos, como tamancos de madeira com que se dança o fandango.

O músico Rogério Gulin trabalhou com a atriz durante esse período. "Foi um registro histórico do fandango paranaense, da cultura de Guaraqueçaba e Valadares", conta o amigo.

Augusto Rando, marido de Lu, conta que ela chegou a receber autorização de Arnaldo Jabor para adaptar um texto dele para a sua performance. Também atuou com a coreógrafa e bailarina paranaense Rita Pavão.

"Ela adorava o teatro de rua, circense, de bonecos. Teatro pra ela foi um respiro de vida", diz, lembrando sua origem humilde na pequena cidade de Granja, no Ceará.

Em Curitiba, na década de 1980, conheceu a Cia Filhos da Lua. "Curitiba ainda fazia um teatro mais formal, no palco italiano. Nós começamos a ir pra rua tocar tambor com pés descalços, cantar, chamar o público, levantando nossos bonecos e estandartes. Ela adorava esse jogo teatral mais corpo a corpo", lembra o ator e diretor Renato Perré.

"Trabalhar com a Lu era prazeroso e intenso. Questionadora e intérprete rebelde, gostava de percorrer caminhos livres de expressão artística. Suas raízes nordestinas e brincantes nunca a abandonaram", fala, remetendo ao encantamento de Lu pelos bonecos.

"Na arte bonequeira, fez história como atriz, brincante e produtora. Na arte popular e bonequeira uma luz se apagou", lamenta a amiga e bonequeira Tadica Veiga.

Simples e genial, "com um espírito juvenil, alegre, vibrante, aguerrido e contagiante", traduz a amiga e atriz Patrícia Reis. "Uma pessoa cheia de histórias e contadora delas."

Rando, casado com Lu por 42 anos, recorda sua personalidade forte, teimosa em princípios, mas de um coração "aberto e mole".

"Ela chegava em casa chorando porque alguém pediu algo que ela não podia dar. Chorando mesmo. Tinha muita empatia, acolhimento, cuidado e compaixão pelo próximo. A emoção pulsava nela", relata o marido.

Maria de Lourdes da Silva Brito morreu aos 62 anos, no dia 17 de junho, após um acidente automobilístico.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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