Operação com criança ferida em Paraisópolis foi desastrosa, diz ouvidor das polícias de SP
Menino de sete anos foi atingido no rosto e está internado em hospital, onde há intenso entra e sai de viaturas e PMs
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O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Aparecido, classificou como "desastrosa" a operação da Polícia Militar na qual uma criança de 7 anos foi ferida em Paraisópolis, na zona sul da capital, quando seguia para a escola na manhã desta quarta-feira (17).
Para ele, a PM deveria ter calculado os riscos de fazer a operação num horário de grande concentração de pessoas nas ruas, de entrada escolar. Segundo relatos, os policiais trocavam tiros com criminosos quando o menino foi atingido.
"Foi uma ação infeliz e desastrosa, que colocou diversas vidas em risco, inclusive a da criança vítima e de outras crianças que iam para escola", afirmou Aparecido.
O menino foi atingido no supercílio. A informação inicial foi de que ele teria sido baleado, mas até o início da noite desta quarta-feira não havia confirmação. O boletim de ocorrência diz que "o ferimento apresentado na criança é superficial e pode ter sido em decorrência dos estilhaços ou de uma queda".
Ele está internado em um hospital da zona sul, na companhia da mãe, e não há previsão de alta —o quadro de saúde é estável. A família está sob escolta de um policial militar.
No local, o entre e sai de viaturas e policiais do 16º batalhão, responsável pelo patrulhamento em Paraisópolis, é intenso.
O criminalista André Lozano, advogado da família, contou à Folha o que ouviu da mãe da criança. Ela disse que levava o filho para escola quando viu uma movimentação de pessoas correndo e resolveu se abrigar com o filho atrás de um carro parado. Viu policiais atirando pouco depois ouviu o filho chorando.
O menino foi socorrido e levado para a AMA Paraisópolis antes de ser transferido para o hospital.
Uma assessora da Ouvidoria das polícias que esteve no hospital na tentativa de conversar com a mãe da criança e obter informações também teria sido escoltada por policiais, segundo o advogado Lozano.
O ouvidor disse ainda que investigação preliminar aponta indícios de que policiais podem ter alterado a cena, o que configuraria fraude processual.
Claudio Aparecido contou que foi acionado às 8h, minutos após a ocorrência. Procurou então a Corregedoria, e por volta das 9h foi avisado de que o setor de disciplina ainda não tinha conhecimento do caso, o que para ele é um erro grave.
OPERAÇÕES CONTRA O TRÁFICO
Uma liderança local afirmou à reportagem que há dias a polícia faz operações na comunidade. O objetivo, segundo o relato, seria apreender drogas.
Na última sexta (12), por uma ação da PM na favela resultou na apreensão de 419 kg de cocaína, além de 35 litros de lança-perfume.
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